A Associação Artística e Cultura Mindelact vai renovar a sua direcção nesta que é a sua 21ª edição do Março Mês de Teatro, cuja programação contempla a apresentação de 15 espectáculos, em media um a cada dois dias, uma exposição de fotografia de Queila Fernandes e o lançamento de uma colectânea de peças de Valódia Monteiro. A Assembleia electiva acontece no dia 21, data em que se escolhe também o vencedor do Prémio Mérito Teatral a ser entregue no próximo dia 27, Dia Mundial do Teatro.
O presidente do Mindelact, João Branco, explica que mais de 50 por cento dos membros da direcção desta associação serão renovados, isto é, dos nove elementos existentes, cinco serão caras novas. Mas esta renovação acontece sobretudo devido a mobilidade social característica de Cabo Verde. “Neste momento, pelo menos três dos membros da actual direcção sequer se encontram no país e outros dois têm empregos incompatíveis com as actividades que esta direcção exige, daí a necessidade de se renovar os corpos gerentes desta associação, cujo mandato termina agora”, indica Branco, que espera continuar a fazer parte da nova equipa directiva da associação.
João Branco, refira-se, está na direcção desta associação artística e cultural desde a sua criação, excepto por um hiato de três anos para fazer o seu doutoramento. Durante este período, segundo este entrevistado, as coisas não correram como esperava, pelo decidiu voltar com a missão de recuperar o Mindelact em diversos aspectos, desde logo do ponto de vista anímico, financeiro e de imagem. “Hoje o Mindelact está com uma pujança extraordinária. Aliás, as últimas três edições do festival foram consideradas as melhores de sempre. Agora queremos retomar alguns projectos que estavam em standby por falta de condições. Estou a falar, por exemplo, do nosso Centro de Documentação que pretendemos voltar a abrir ao público. Também queremos voltar a dar uma especial atenção a dramaturgia.”
Sobre este particular, o presidente do Mindelact destaca a importância do lançamento da Colectânea de Valódia Monteiro e o Concurso Nacional de Dramaturgia que, afirma, veio dar um abanão nesta área. Na mesma linha, evoca o Curso Nacional de Dramaturgia, ministrado por Caplan Neves e que, afirma, vai contribuir para reforçar ainda mais a dramaturgia nacional. Quanto ao Prémio de Mérito Teatral, João Branco deixa claro que, ao contrário daquilo que a imprensa especula, as propostas são apresentadas em sede da AG. “Para se ter uma ideia, no ano passado foram lançados cinco nomes nesta reunião magna e Elisabeth Gonçalves foi a escolhida. Mas não tem de ser uma pessoa. Pode ser uma instituição. Aliás, há anos que não foi escolhida uma instituição. Quem sabe se será agora?”
Relativamente a edição 21ª do Março Mês do Teatro, de acordo com este entrevistado, arranca esta quinta-feira, 05 de março, com a apresentação de “Toca Um Colectivo” na ALAIM com Cátia Terrinha. Seguem-se “Trás pra frente” no CCM com Ricardo e Christian, “Mulher sem pecado” do Teatro 17, “O arco da arte” do Grupo de Teatro da Escola Salesiana , “Mindelo Poetry Slam” de Txon Poesia. E ainda: “As palavras de Jo” do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, “Kazamento” de Ricardo e Christian e “O triunfo dos porcos” do grupo K. Cena.
O MMT foi realizado pela primeira vez em Cabo Verde no ano de 2000, mas o Dia Internacional do Teatro foi assinalado um ano antes, precisamente em 1999, com a atribuição do prémio Mérito Teatral ao grupo Juventude em Marcha do Porto Novo e ao estudioso Mário Matos, falecido.
Nesta altura, segundo João Branco, viu-se a necessidade de prolongar as festividades e fazer de março o mês da promoção do teatro aqui no país. Hoje este certame é organizado por grupos teatrais e instituições, caso por exemplo do Centro Cultural Português, que assina a realização da exposição fotográfica de Queila Fernandes, o lançamento do livro de Valódia e as apresentações do GTCCP no ALAIM. Já a Associação Mindelact garante o apoio técnico e logístico aos grupos.
Constança de Pina