Dezenas de pessoas – homens e mulheres, jovens e adultos -, passaram a noite e/ou madrugaram nas ruas de morada para reservar os melhores lugares para assistir o desfile oficial do Carnaval. Algumas posicionaram-se logo após a passagem da Escola de Samba Tropical e dormiram literalmente sentados em cadeiras de plástico e bancos de madeira. Outros chegaram antes dos primeiros raios-do-sol. Tudo para não perder pitada desta festa.
“Ontem não consegui ver o desfile do Samba Tropical porque havia muita gente e fiquei para trás. Então decidi ir para casa buscar um banco e vir cedo marcar um lugar para poder assistir o Carnaval sem problema”, diz Margarida Silva, que aproveita para criticar os preços elevados das cadeiras nas arquibancadas praticados pela Câmara Municipal de São Vicente para “algumas horas” de desfile. “Assim só os ricos conseguem ver o Carnaval, que é feito pelos pobres”, desabafa.
António Delgado conta que chegou de madrugada na Rua de Lisboa para marcar um lugar para a companheira e o filho menor. “No meu caso, estou aqui desde por volta das quatro da manhã para marcar um lugar para a minha companheira e nosso filho. Não tenho nem 1000 e nem 1.500 escudos para comprar uma cadeira, então o jeito é improvisar. Eu não preciso porque nunca fico parado. Gosto mesmo é de ver o Carnaval circulando”, diz.
Já Paulo Brito está “guardar” um lugar para uma amiga. Este jovem jura de pés junto que não está a ganhar ou a negociar o espaço. “O negócio do Carnaval é da CMSV. Estou aqui apenas a guardar um lugar para uma amiga. Não estou a receber nada por isso. É apenas um gesto de amizade”, garante este jovem, que pernoitou na Rua Baltazar Lopes da Silva para garantir um bom lugar para esta amiga para que ela possa assistir os desfiles.
Estes são apenas alguns relatos das dezenas de pessoas que passaram a noite ou a madrugada de hoje em cadeiras de plástico e de madeira ao longo das ruas de Lisboa e Baltazar Lopes da Silva. Mas a criatividade dos mindelenses salta a vista com alguns a “prenderem” os seus assentos com cadeados ou amarrados, outros a colocarem caixas de frutas, blocos de cimentou, cartões ou papelões para marcar um lugar.
Constança de Pina