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Opinião

Gente, olha!

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Por Nelson Faria

Os acontecimentos que marcaram o final do ano 2019 em Mindelo e as que marcam a atualidade local, nacional e mundial neste início de 2020 não são auspiciosos nem animadores para as grandes expectativas que, naturalmente, se criam no inicio de cada ano. As situações que vivenciamos e até participamos têm apelado à comoção, revolta, solidariedade e aceitação, nos casos em que nada poderemos fazer.

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Porém, nunca devemos esquecer que a felicidade não é uma chegada e nem é dada por outrem; é um caminho entre as tristezas, incertezas, dificuldades, catástrofes e todo o mal que nos circunda. Por isso, cabe a cada, e todos juntos, zelar, entre as agruras da vida, pela sua felicidade na caminhada da vida, pelo bem, pelo que corrige, melhora e alimenta a alegria de viver.

O Facebook e outras redes sociais têm sido marcadas ultimamente por um conjunto de factos e atos negativos que fazem parte da atualidade: a morte das crianças em Pedra Rolada – São Vicente, o crime hediondo que vitimou Luis Geovani e como foi tratado, incêndios na Austrália, possível guerra EUA-Irão, entre outros, que tendem a quebrar a positividade e a esperança. Nem quero falar de São Vicente… Mas, o que seríamos de nós sem esperança? Sem acreditar que é possível melhorar? Sem acreditar que o bem triunfará? Sem futuro? Não há outro caminho senão dar a volta a isto.

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De toda as situações, uma em particular tem suscitado mais recções: a do malogrado Luis Geovani. Reações pela forma cobarde como foi assassinado e como tem sido tratado por alguma comunicação social, entidades e pessoas específicas.

Que em Portugal existe racismo? É verdade. Aliás é um mal que existe e perdurará onde seres humanos, ignorantes, não se entendem e nem se tratam como tal. Existirá sempre onde a cor da pele, crenças e origens sobrepõem à pessoa humana. Será que também não existe em Cabo Verde, de outra forma, com outros povos? Será que não tem existido por parte de alguns cabo-verdianos em reação ao caso do Luis Geovani? Com isto não digo que Portugal ou os portugueses são racistas, muito menos que os cabo-Verdianos são. Também não digo que os casos que existem são a maioria e definem os países e os povos.

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Digo que o racismo existe porque, simplesmente, ainda a ignorância e o mal vivem e toldam muitas mentes.  E, se for o caso, de se cometerem crimes pelas mentes obscuras, que se condene em nome da humanidade. Citando Bob Marley, “enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra”.  Infelizmente o tempo que vivemos tem alimentado este mal e a guerra com este substrato, em vez de combate-lo como deveria ser: pela informação, pela educação, pelo amor, pela partilha, pela cooperação e colaboração entre humanos.

Chegado ao ponto, do caso estar em tratamento, graças também as reações, de diferentes formas, provocadas por humanos, creio que não contribui em nada a incitação de alguns, felizmente poucos, de pagar a dor com a dor ou de generalização injusta de Portugal e os Portugueses.

Independentemente do desfecho deste caso, concordo que este episódio deve sim suscitar a nossa chamada de atenção para este mal que existe. Concordo que é tempo de reagir e marchar, sim, pela paz, por justiça, por mentes abertas, pela compreensão, pela tolerância, por luz, por luzes e pelo bem. Que este início de ano não seja o seu andamento e nem o seu fim. Que efetivamente saibamos ultrapassar os males que nos rodeiam. Que em 2020 trilhemos novos caminhos, mais esclarecidos para o bem de todos em todas as escalas e esferas. 

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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