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Cultura

Morna, música rainha em “Vozes das Ilhas”: Organização anuncia homenagem a Jaqueline Fortes no mês da mulher

A Morna foi a rainha dos géneros musicais cabo-verdianos na oitava edição de “Vozes das Ilhas”, evento que aconteceu ontem à noite na cidade do Mindelo. Com efeito, a expressiva maioria dos quinze cantores da diáspora e das ilhas, excepto Brava, levou consigo uma Morna no bolso para oferecer qual uma flor a um público constituído essencialmente por pessoas “maduras”, apreciadoras à moda antiga da essência da cultura nacional.

“Gosto sempre de realçar a riqueza cultural de Cabo Verde, mas também de fazer um elogio especial ao público mindelense, que tem uma forma peculiar de sentir a música e de se entrosar com os artistas. Como se pode verificar, quase que não se percebeu a presença da juventude aqui e, no entanto, os bilhetes esgotaram-se rapidamente. Isto significa que a nossa música continua a ser apreciada pela geração mais antiga e que as pessoas fizeram uma escolha atempada e consciente, porque aqui se sentiriam na sua praia”, comenta o músico maiense Jorge Tavares, cujas composições já foram gravadas por Lura, Mariana Ramos e até pelo português José Perdigão.

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Sentado na primeira fila, Morgadim, um dos ícones do famoso grupo Voz de Cabo Verde, era uma entre tantas figuras do mundo artístico cabo-verdiano presentes nesse evento cultural. E, para o compositor de “Criol na França”, reunir a diversidade das vozes do arquipélago num palco tem um valor cultural extraordinário. “Pelo que dou os meus parabéns à organização deste evento, que nos trouxe mais uma prova da qualidade artística que temos em todas as ilhas”, frisa Morgadim, que enalteceu a junção de intérpretes mais experientes – como Jorge Sousa, Leonel Almeida e Mariana Ramos -, e os mais novos nesse certame. “É desta forma que reforçamos a nossa cultura e garantimos a sua continuidade.”

Esta edição de “Vozes das Ilhas” começou à hora marcada e foi aberta pelo inconfundível cantor mindelense Constantino Cardoso. Essa viagem cultural continuou com a santiaguense Zeza Rodrigues, que interpretou duas músicas. Depois houve um regresso a Mindelo para se ouvir as potentees vozes de Nilton Gomes e Edson Oliveira. Do Porto Grande deu-se um salto a Santo Antão, ilha vizinha de S. Vicente que foi representada por Rufino Sousa. O artista seguinte foi Ivanildo Pina, da terra do vulcão, um jovem enérgico e talentoso.

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Da França chegou Mariana Ramos, que depois ofereceu o palco a Didi Rodrigues, voz de S. Nicolau, terra do maestro Paulino Vieira. De novo, uma rápida escala em S. Vicente, agora para se escutar a voz melodiosa de Carmen Silva, uma jovem que já está a preparar o lançamento do seu primeiro trabalho. Do Mindelo, o “avião” cultural voltou a decolar para a Europa, desta feita para trazer a jovem Frederica Firmino, filha de pai cabo-verdiano e mãe húngara, mas que agora reside na Holanda. Após interpretar uma única morna, passou o microfone a Jorge Sousa.

Alcione foi a cantora representante da ilha do Sal, ela que depois deu o seu lugar no palco a Iolanda Brito, artista da terra das dunas. Da Boa Vista, um salto até Maio, que enviou a Mindelo como “missionário” o músico Jorge Tavares. O espectáculo foi encerrado por nada menos Leonel Almeida, que interpretou uma música da Brava, para simbolicamente representar a ilha das flores.

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Para Kikas, responsável da Serenata Produções, a iniciativa “Vozes das Ilhas” está a fazer uma trajectória interessante, a cumprir a sua missão que é trazer a S. Vicente talentos de todas as ilhas. A escolha dos artistas é feita pelas Câmaras, mas, na sua opinião, o evento tem tido a sorte de receber grandes intérpretes. “Este espectáculo superou, mas, para mim, a melhor edição foi a primeira. Aliás, vamos reunir os artistas que estiveram presentes na estreia daqui a dois anos, quando esperamos celebrar a décima edição”, informa Kikas, que aproveitou o evento para anunciar que a cantora Jaqueline Fortes será homenageada no mês de Março em S. Vicente, com um show recheado apenas de vozes femininas. As artistas serão acompanhadas pela banda que esteve ontem no palco, integrada por Jimmy (baixo), Djodje (bateria), Djassa (cavaquinho), Bau (violão), Yanick (sopro), Kikas (percussão) e Tchenta (teclado e direcção musical).

Kim-Zé Brito

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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