Déx: “A arte é o meu oxigénio”
O artista mindelense Eurico Ramos, ou simplesmente Dex, vê na arte mais do que uma forma de sustento – o seu oxigénio. Especializado “pela escola da vida” como artesão, músico, cartunista e em acabamento de andores do carnaval, recentemente vem se envolvendo em pinturas corporais.
No ano passado foi a sua estreia e, para este pintor de carreira, pintar os corpos das musas é como desenhar sobre obras-prima da natureza humana. “A mulher é a oitava maravilha do mundo e foi um desafio fácil”, poetiza o artista, em tom de brincadeira.
Concorda existir um preconceito em relação a este tipo de pintura, por trabalhar com o corpo da mulher total ou parcialmente desnuda, mas coloca o profissionalismo em primeiro lugar. Deste modo, assegura, consegue passar tranquilidade e confiança às suas “telas humanas”. Cada pintura corporal, que substitui a fantasia no carnaval, demora em média três horas a ganhar vida.
“Nunca ninguém me ensinou nada. Aprendi tudo sozinho e desde os meus seis anos que trabalho para o carnaval do Mindelo”, assegura Déx. Como diz, aos seis anos fez um desenho de um astronauta e “nhô Goi”, presidente do antigo grupo Vindos do Espaço, pegou no mesmo e usou num projeto dessa agremiação carnavalesca.
Dex transfere a responsabilidade do seu “amor pelo carnaval” ao facto de ter nascido no mês de Fevereiro, há quase 48 anos. O seu trabalho já o levou a trabalhar com diferentes grupos no Mindelo, na projeção de andores e este ano está comprometido com a Escola de Samba Tropical, que aposta no tema Blimunde. “As pessoas estão satisfeitas com meu trabalho porque é um trabalho educativo, para relembrar aos mais jovens a nossa origem. Infelizmente, vejo muitas coisas que não concordo no nosso ensino, que pouco ou nada aborda Cabo Verde, na sua cultura e tradição”, lamenta o artista. Com seu trabalho, afirma, tenta dar primazia à raiz crioula, pela paixão assumida pelo seu país.
O jeito para o desenho e a “chama” pela arte fez de Déx, além de pintor, um cartoonista. Enquanto cartunista, o seu maior alvo tem sido a política. Hoje dedica a sua vida ao carnaval, à música e ao artesanato, fabricando miniaturas de instrumentos musicais. Eterno apaixonado da expressão artística, Déx diz que só irá morrer quando a arte deixar de existir.
Sidneia Newton (Estagiária)