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Por onde andam os nossos deputados?

Por: David Leite

Alguns responsáveis políticos andam agora a defender que o voto popular deve ser obrigatório para travar a inflação… Ora bem, quem acha que os eleitores devem ser obrigados a votar deveria antes propor que os deputados sejam obrigados a estar presentes no Parlamento, como em vários países acontece! Voto popular obrigatório rima com assiduidade dos deputados na Casa Parlamentar!

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Vem isto a propósito da sessão plenária da Assembleia Nacional de ontem, cancelada por falta de deputados em número suficiente para aprovar a ordem do dia. Dá que pensar! Dos 38 parlamentares do MpD só 32 estavam presentes, 18 do PAICV (em vez de 30), e da UCID 2 (em vez de 4). Ou seja, um total de 52.

Pouco adianta aqui agitar as manigâncias e suspeições brandidas por uma parte para acusar a outra desse absentismo; pouco importa se o debate do PCFR dos professores colidia ou não com a legislação vigente… A questão aqui é: como é que 20 deputados da Nação brilham pela ausência numa sessão parlamentar destinada a discutir um tema tão candente e controverso quanto o PCFR da classe docente?

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Do lado do PAICV não houve surpresa: digamos que seis ou meia dúzia era kel-mé pois jamais iria o partido tambarina, revigorado pelo veto presidencial (que recaiu sobre o Decreto-lei que dava corpo ao PCFR), dar um tiro no próprio pé aprovando o debate parlamentar. E nem podia porque não tem deputados suficientes para chegar lá.

Já o MpD, que nunca se conformou com o controverso veto do PR, era de esperar que comparecesse com todas as suas tropas. Com os seus 38 deputados teria aprovado sem contestação a ordem do dia e o debate teria fluido, numa boa. Finalmente vai acontecer, desta feita na sexta-feira dia 20, por ulterior entendimento entre as representações parlamentares.

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Mas fica a questão: onde estavam os 20 deputados que estiveram ausentes da plenária? Se tinham impedimentos, onde estavam os suplentes? Termino como comecei: se os eleitores devem ser obrigados a votar, então que os deputados sejam obrigados a marcar presença na Casa Parlamentar!

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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