A vaga de calor que atinge o Sahel este mês de abril está ligada a alterações climáticas “induzidas pelo homem”, revela relatório da rede de cientistas da World Weather Attribuition (WWA) publicado esta quinta-feira. Em Cabo Verde também estão a ser registadas temperaturas elevadas para a época, acima dos 35º Celsius nalgumas localidades, com humidade relativa abaixo dos 15%, acompanhadas de partículas de poeira em suspensão, segundo o INMG.
Hoje, por exemplo, de acordo com a previsão do tempo divulgada pelo Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, a temperatura máxima no arquipélago oscila entre os 32/34º C. O céu está pouco nublado ou limpo e a visibilidade é boa (igual ou superior a 10 km), temporariamente moderada (igual ou inferior a 8km) devido a bruma seca, por vezes muito fresco nas zonas Ocidentais.
Relativamente ao estudo da WWA que diz que as alterações climáticas foram induzidas pelo homem, escreve a agência de notícias Lusa que, de 01 a 05 de abril, Mali e Burkina Faso sofreram uma vaga de calor excepcional, tanto em termos de duração como de intensidade, com temperaturas superiores a 45°C que causaram um grande número de mortes nestes países.
Informa que as observações dos cientistas e as comparações dos modelos de temperatura “mostram que ondas de calor observadas em março e abril de 2024 na região teriam sido impossíveis” sem um aquecimento global de 1,2°C “de origem humana”, citando o WWA que refere ainda a um episódio como o que afetou o Sahel durante cinco dias em abril só ocorre “uma vez em cada 200 anos”.
As vagas de calor são comuns no Sahel nesta época do ano, mas a de abril “teria sido 1,4°C mais fria (…) se os seres humanos não tivessem provocado o aquecimento global através da queima de combustíveis fósseis”, sustentam os autores do relatório. “Estas tendências vão manter-se com o aquecimento futuro”, acrescentaram.
Os autores do estudo acreditam que a duração e a gravidade desta vaga de calor conduziram a um aumento de mortes e de hospitalizações registadas nestes países, apesar de as populações do Mali e do Burkina Faso “estarem aclimatadas às temperaturas elevadas”. Admitem, no entanto, que “seja impossível” contabilizar o número exato de vítimas devido à falta de dados disponíveis. “É provável que tenham ocorrido centenas, se não milhares, de outras mortes relacionadas com o calor”, afirma a WWA.
Desde os anos de 1970, os países do Sahel têm sido confrontados com secas, bem como com episódios de precipitação intensa a partir dos anos de 1990.