A sindicalista Eurídice Silva Lopes foi mais uma vez acusada de infringir a ética e a legalidade ao ser eleita presidente do Sindicato dos Trabalhadores de S. Vicente (STSV), em assembleia realizada no dia 1 de agosto, na cidade do Mindelo. Após ser acusada por Tomás de Aquino de desrespeitar o Código Laboral, Eurídice Lopes voltou esta manhã a ser alvo de críticas, agora da parte do presidente regional do SICS.
Em conferência de imprensa, Júlio Fortes confirmou tudo o que foi dito por Aquino, enquanto líder da União dos Sindicatos de S. Vicente, ou seja, que Eurídice Lopes cometeu uma “flagrante ilegalidade” ao assumir a liderança do novo sindicato sem que estivesse desvinculada do SICS. Esclarece que o SICS recebeu um pedido de escusa de sócio de Eurídice Lopes – que era vice-Presidente da direção do Sindicato da Indústria, Comércio e Serviços, eleita para um mandato de dois anos, que terminaria em novembro de 2022. Júlio Fortes adianta que a carta tem data de 1 de agosto, dia da assembleia constitutiva do STSV, porém só deu entrada na secretaria dez dias depois.
“Ora, os Estatutos da SICS, sob o epígrafe ‘Perda de Qualidade de Associado’, diz que perdem a qualidade de associados os trabalhadores que comuniquem ao Secretariado, com antecedência de 30 dias e por escrito, a vontade de se desvincular do sindicato“, pontua Júlio Lopes, querendo com isso dizer que Eurídice Lopes não cumpriu o estipulado nos Estatutos e que era ainda membro do SICS à data da sua eleição para presidir o STSV. Deste modo, lembra, um trabalhador não pode estar inscrito em dois sindicatos em simultâneo, à luz do Código Laboral.
Júlio Fortes lembra que Eurídice Lopes chegou a classificar as acusações feitas por Tomás de Aquino como “gratuitas e gravosas” e apresentou à comunicação social a tal carta de pedido de desvinculação com data de 1 de agosto. No entanto, acrescenta, sem especificar que o SICS só tomou conhecimento desse documento no dia 11 de agosto, dez dias após a assembleia do STSV.
O presidente regional do SICS admite que a saída e a imediata eleição de Eurídice Lopes apanhou a direção de surpresa. Essa situação, prossegue, aconteceu quando havia uma indicação interna para Eurídice Lopes assumir o cargo de Secretária-permanente do SICS numa conferência agendada para novembro deste ano. Tudo indica, na sua leitura, que Eurídice Lopes tinha pressa para “algo”.
Para Júlio Fortes, está evidente que o convite para Eurídice Lopes assumir o STSV foi mais um golpe perpectrado por Joaquina Almeida, presidente da UNTC-CS, para desestabilizar a União dos Sindicatos de S. Vicente devido a quezília existente entre as partes. Segundo Fortes, faz algum tempo que a Secretária-Geral da UNTC-CS vem abusando das suas atribuições estatutárias e a desmantelar a organização sindical, apesar da firme oposição dos sindicatos representados pela USV. Os episódios mais marcantes deste conflito institucional interno foi a ausência dos sindicatos da USV no último Congresso da Central Sindical e a expulsão da USV das instalações da UNTC-CS em S. Vicente, onde, recorda Júlio Lopes, a organização estava sedeada desde outubro de 1987.
Júlio Fortes enfatiza que pouco ou nada resta ao SICS fazer sobre os acontecimentos envolvendo Eurídice Lopes. Explica que a direção poderia instaurar um processo-disciplinar à ex-sócia, só que não teria nenhum efeito pelo facto de não fazer mais parte do sindicato.