Cerca de duas dezenas de vigilantes participaram numa greve agendada para hoje às 9h30 para reivindicarem, uma vez mais, a aplicação da nova grelha salarial. O responsável do sindicato Siacsa em São Vicente, Heidi Ganeto, justifica a “fraca adesão” com alegadas ameaças feitas aos colegas, sobretudo os que recebem um subsídio de dois mil escudos. “São cerca de 40 vigilantes. Foram ameaçados com corte do subsídio e retirada dos seus postos”, garante.
As reivindicações são as mesmas desde 2018, altura em que foi assinado o acordo entre as empresas de segurança, os sindicatos e o Governo, e que já motivaram diversas manifestações e greves, sem resultados. “Temos uma tabela salarial que devia estar a ser cumprida desde maio. Até agora, apenas duas empresas a estão a cumprir, a Sonasa e EVP – Empresa de Vigilância e Protecção. Mas adoptaram apenas o mínimo de 17 mil escudos, quando a grelha prevê salários que vão dos 17 aos 22.500 escudos, consoante o enquadramento do vigilante como estagiário ou com mais de 10 anos de serviço. Colocaram todos os vigilantes na mesma categoria e pagam um salário de 17 mil escudos”, explica Heidi Ganeto.
Trata-se de uma estratégia que, diz este dirigente sindical, o Siacsa não vai aceitar. “Não podemos admitir de forma nenhuma que um vigilante com 15 ou mais anos de serviço receba o mesmo salário de um que está a iniciar agora. É injusto”, desabafa Ganeto, que denuncia ainda a Sepricav e a Silmac por, afirma, estarem a receber o Preço Indicativo de Referência (PIR) de algumas empresas, mas optaram por pagar um subsídio de desempenho aos vigilantes.
Ou seja, estas empresas mantêm um salário de 15 mil escudos, mas pagam um subsídio de dois mil escudos, sem enquadramento legal, ao invés de uma actualização salarial. “Este subsídio não está previsto na lei e nem no Acordo Colectivo de Trabalho. É uma estratégia para não pagarem o salário de 17 mil escudos aos vigilantes estagiários. O problema é que falta fiscalização da Direcção-Geral do Trabalho, da Inspecção e do próprio Governo, através do Ministério da Administração Interna, e do PR. Por isso pedimos mais atenção ao sector, de acordo com a Lei 50 do Código de Segurança Privada, somos um auxiliar da Polícia”, desabafa.
Apesar da “justeza das reivindicações”, Ganeto admite que houve uma fraca adesão dos vigilantes à greve. Acredita, no entanto, que amanhã estarão presentes mais pessoas.
O sindicalista explica que foram acertados os serviços mínimos, que serão garantidos por 90 vigilantes, mas a maioria foi escalada para a manhã desta quinta-feira, lembrando que a greve vai até domingo. “Estamos dispostos a continuar a lugar pelos nossos direitos. Admito que estamos a perder forças. Isto porque não temos visto resultados, visto que quem de direito e que deve fazer a sua parte não faz. Sentimos que o próprio Governo está contra os vigilantes”, lamenta.
Em jeito de remate, este dirigente sindical diz que, em um país democrático, é inadmissível ver um sector a manifestar e a fazer greves e, sistematicamente, ser ignorado pelo Governo. O mais caricato, afirma, é a postura de algumas autoridades, caso por exemplo da DGT, que sequer tenta inteirar-se das ameaças denunciadas. Pelo contrário, acusa a instituição de dar suporte às mesmas, “como aconteceu agora na mesa das negociações em que o delegado local afirmou taxativamente que os vigilantes que não são associados do Siacsa e não podem aderir à greve“. Aliás, afirma, incentivou mesmo as empresas a aplicar processos aos vigilantes não filiados neste sindicato nacional que participarem na greve.