O sindicato Siacsa anunciou esta manhã a marcação de um protesto na quinta-feira dos operários da fábrica Atunlo, com paragem em frente ao Ministério do Mar, na Avenida Marginal de S. Vicente. O sindicalista Heidy Ganeto não descarta, no entanto, a possibilidade de envolverem nessa manifestação funcionários da fábrica Frescomar. Alega que tanto a Atunlo quanto a Frescomar têm estado a fazer despedimentos colectivos sistemáticos. O delegado do Siacsa revelou no contacto com os jornalistas que a Atunlo mandou 100 trabalhadores para casa no decorrer deste mês, enquanto a Frescomar decidiu cortar o vínculo com 50 trabalhadores em julho. “Há despedimentos nas duas empresas quase todos os dias”, afirma.
Segundo Heidy Ganeto, a manifestação acaba por ser uma chamada de atenção para a direção da Atunlo e o ministro do Mar porque, diz, os trabalhadores da fábrica de tratamento de pescado têm estado a ser alvos de assédio moral por parte da directora dos Recursos Humanos e de uma enfermeira. Outra situação contestada pelo sindicato tem a ver com a mudança da norma sobre o pagamento do subsídio de produtividade e que prejudica os funcionários.
“Antes, se o trabalhador desse uma falta era-lhe descontado no salário o dia da falta e um dia no subsídio de produtividade. Agora, sem qualquer base negocial, a Atunlo resolveu que, se o trabalhador faltar um dia, perde automaticamente 75 por cento do total do subsídio; se der duas faltas, perde o subsídio na totalidade”, informa Heidy Ganeto e exemplifica: “Se o trabalhador comparece 29 dias num mês de trabalho, já adquire o direito aos 8 contos de subsídio. Se, entretanto, faltar um dia, perde logo 75% do montante; e se der duas faltas num mês, perde todo o subsídio.”
Esta norma está a desagradar os funcionários, que acordaram com o Siacsa fazer uma manifestação em frente a fábrica a partir das 17 horas desta quinta-feira e não descartam a possibilidade de anunciar um pré-aviso de greve. Após isso, os manifestantes fazem uma concentração junto ao edifício do Ministério do Mar. Isto porque, segundo Ganeto, a instituição tem conhecimento de situações irregulares ocorridas em certas empresas sediadas em S. Vicente, comunicadas pelo próprio Siacasa, mas o ministro recusa-se a tomar medidas e a receber uma representação do sindicato para um diálogo aberto e sincero para se procurar as soluções.
“Em vez disso, o ministro procede com inverdades na comunicação social, com acusações contra o sindicato, sem, no entanto, ouvir-nos, preferindo escutar só as empresas”, contesta o delegado sindical. Segundo Ganeto, o ministro Abraão Vicente acabou por ficar mal perante os trabalhadores, que chegaram a pedir o apoio do Governo devido a “situação dramática” que têm vivido nas fábricas Frescomar e Atunlo, “com despedimentos colectivos e perseguição”.
Sobre a situação particular de um grupo de operárias que paralisou os trabalhos na Frescomar devido a um desentendimento com o gozo de 4 dias de férias que tinham direito, Heidy Ganeto deixa claro que a razão não está do lado delas. Enfatiza que tomaram uma atitude inesperada e ilegal, foram advertidas pelos delegados sindicais, mas foram mesmo assim para a frente. “Foram aconselhadas para regressarem ao posto de trabalho, mas negaram porque talvez estivessem a ser influenciadas por pessoas fora da empresa”, comenta o sindicalista, adiantando que a empresa pretende instaurar processos-disciplinares a esse grupo e tem 35 dias para o efeito.
O Mindelinsite pediu a reação da Frescomar e da Atunlo, que serão divulgadas assim que chegarem ao nosso conhecimento.