Os salva-vidas de São Vicente que prestam serviços diariamente nas praias cuja interdição foi levantada após o cumprimento dos dois Estados de Emergência estão preocupados com a aglomeração de pessoas, sobretudo nestes últimos dias em que as temperaturas têm estado elevadas. Admitem que é tradição os mindelenses frequentar as praias para passeios e convívios, mas alegam que, se não for cumprida a regra do distanciamento, corre-se o risco destas voltarem a ser interditadas pelas autoridades.
Há 34 anos como salva-vidas, Rui Spencer conta que foram ‘atropelados’ pela epidemia da Covid-19. E como a doença que veio para ficar, as pessoas precisam aprender viver com ela. Mas, para isso, terão de respeitar as regras estabelecidas. “Conheço as praias de S. Vicente e tenho visto a forma como as pessoas estão a se comportar. Não é que estejam a desrespeitar as regras mas, nos últimos dias, a afluência aumentou por causa do calor, sobretudo na Lajinha. As pessoas tendem a concentrar-se na zona que chamamos de ‘lar de idoso’. Ali não estão a respeitar o distanciamento. Sabemos que esta doença está entre nós pelo que se as pessoas não se precaverem, as praias podem voltar a ser encerradas”, analisa.
Este nadador-salvador indica que, durante o Estado de Emergência em que as praias de S. Vicente estavam fechadas, o cenário era desolador, uma imagem que espera ter ficado no passado. “As pessoas gostam de frequentar as praias. Foi triste ver o areal sem ninguém durante muito tempo. O meu apelo é para evitarem as aglomerações. Mesmo a praia da Lajinha é enorme. Basta as pessoas espalharem para evitar problemas. Pedimos também para respeitarem os horários afixados pelas autoridades, isto é, entre as 6h e às 18h”, refere este nadador-salvador, aproveitado para chamar atenção das pessoas que estão na Lajinha deste às 4h da manhã até noite a dentro.
Nestes horários, afirma Spencer, estas praias ficam desprotegidas. Garante que, minimamente, as praias de São Vicente são vigiadas. Ao todo, são 10 os salva-vidas afectos ao Serviço de Protecção Civil espalhados pelas praias de toda a ilha. Estes contam ainda com apoio de alguns voluntários. Mesmo assim, lembra, há poucos dias um jovem morreu afogado na praia do Lazareto, que sequer foi liberado para banhos ainda. Mais uma razão para apelar os mindelenses a respeitarem as determinações das autoridades.
As preocupações de Rui são partilhadas por José Luís, mais conhecido Sampê. Este admite que em S. Vicente é difícil fugir das pessoas porque todos se conhecem. Mas avisa, nesta altura, as pessoas precisam distanciar um bocadinho para evitar males maiores. “Nos últimos domingos estive nas praias de S. Pedro e Calhau e vi as pessoas muito próximos. Se aparecer um caso de Covid-19 vai espalhar rapidamente porque as pessoas não estão a cuidar. Mesmo nós, enquanto salva-vidas, estamos exposto porque contactamos muitas pessoas, sobretudo nesta altura em que, com o avançar do verão a afluência de pessoas nas praias aumenta progressivamente.”
Conta que, nos seus 26 anos como salva-vidas, já viu muita coisa, mas agora estão a aprender a se adaptar a pandemia da Covid-19. Reconhece que não é fácil manter o distanciamento, mas é um mal necessário.
Refira-se que estão abertas aos banhistas de S. Vicente apenas praias de Lajinha, Cova Inglesa, Baía das Gatas, S. Pedro, Calhau, Salamansa e Praia Grande, entre as 8 e as 18 horas, com excepção da Lajinha que mantém um horário mais alargado, isto é, das 6h às 18h. Continuam interditas as do Norte de Baía, Lazareto, Jon Debra, calheta, Saragaça e Palha Carga. Já as praia de Sandy Beach e Topim estão aptas para actividades náuticas.