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S. Vicente: Meliantes fazem “limpeza” em casa de emigrante em Chã d’ Marinha

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Mais uma residência de emigrante em Chã d’ Marinha, três ruas atrás da igreja, foi alvo de roubo. Levaram quase todos os pertences da família, a maior parte em caixas ainda sem uso, segundo informações avançadas pela proprietária, Odete Medina Évora, que se sente impotente por estar longe, enquanto levam o suor do seu trabalho. Foi accionada a Polícia Nacional, que passou o caso para a alçada da Polícia Judiciária, mas ainda não houve qualquer desenvolvimento. 

O roubo foi comunicado ao Mindelinsite por Odete Évora, que fez questão de fazer esta denúncia pública, até porque, diz, de longe pouco ou nada pode fazer. Segundo esta nossa fonte, comprou a casa no ano passado. Em julho, a família veio de férias e aproveitou para equipar a nova residência para poder desfrutar com os filhos no próximo ano.

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Infelizmente, de acordo com Odete, os ladrões decidiram frustar os seus planos. “Levaram quase todos os nossos pertences, suor do nosso trabalho. Muitos dos produtos roubados eram novos sem uso, alguns ainda nas suas caixas. Levaram um cartão de ferramentas de qualidade e muito mais”, detalha, na esperança de que as pessoas possam denunciar os autores, caso vejam pessoas a vender alguns produtos que dificilmente podem ser encontrados em S. Vicente. 

Levaram microondas, airfryer, rebarbadeira, bebidas alcoólicas e muitos outros produtos que neste momento não estou a recordar. Esvaziaram um bidon e uma caixa e levaram tudo. Vivo em Luxemburgo e não consigo viajar agora para S. Vicente. Peço que denunciem este roubo para que as pessoas possam ficar atentas”, desafava Odete, que pediu ainda ao jornal para contactar a pessoa que cuida da casa, na expectativa de que esta possa divulgar mais detalhes deste roubo.

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Junto da cuidadora, Etelvina Fonseca, o Mindelinsite ficou a saber que esta não consegue precisar o dia em que aconteceu o roubo porque, diz, visita a residência apenas duas vezes por mês, conforme acordado com os donos. “Estive na casa no domingo, 29 de outubro, fiz uma vistoria e depois fechei tudo. Quando regressei na semana seguinte, no dia 5 de novembro, encontrei tudo revirado e alguns eletrodomésticos, designadamente microondas e tostadeira, em falta. Dois volumes – um bidon e uma caixa -, que estavam fechados, foram esvaziados e levaram quase tudo”, descreve.

Queixa na PJ sem desenvolvimento

Etelvina conta que, de imediato, fez uma chamada de video para os proprietários e mostrou-lhes como a casa se encontrava. Foi aconselhada a acionar a Polícia Nacional. “Os agentes chegaram ao local, mas ficaram no lado de fora e me encaminharam para a Polícia Judiciária. Fui lá e apresentei uma queixa. Dois agentes acompanharam-me até a residência, fizeram fotos, analisaram marcas dos pés por onde entraram e prometeram retornar o contacto. Infelizmente, até agora não disseram nada.”

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Questionada sobre o que terão levado da residência, esta cuidadora alega não ter noção da dimensão do roubo, porquanto, justifica, muitos dos bens da família estavam fechados num bidon e numa caixa. “Não sei o que os donos da casa tinham dentro destes dois volumes, que encontrei praticamente vazios. O que sabia que havia na casa e que desapareceu era um rádio, que estava logo na entrada, um microondas e uma tostadeira que estavam no balcão da cozinha”, enumera. 

Etelvina Fonseca diz acreditar que os meliantes terão entrado na residência através de uma janela do segundo piso da habitação. “Penso que a entrada na casa foi facilitada por uma construção vizinha, que neste momento encontra-se paralisada. A janela por onde terão entrado fica junto a varanda da residência, que está colada na casa em construção. Desde que aconteceu o roubo já fui por diversas vezes ao local para ver se consigo falar com o dono da obra para saber se viram ou ouviram alguma coisa, mas sem sucesso. Perguntei aos vizinhos e confirmaram que os trabalhos na obra estão suspensos.” 

Questionada sobre roubo

O mais estranho, conta Etelvina Fonseca, é que há alguns dias, ao visitar a casa, foi abordada por um jovem de 18/20 anos, que queria saber informações sobre o roubo. “Estava na varanda do apartamento do primeiro piso quando um jovem se aproximou querendo confirmar se a casa, de facto, tinha sido alvo de um roubo e se a PJ esteve no local. Apresentou-se como sobrinho de um senhor que vive nas proximidades. Como fiquei com medo, sobretudo porque já caminhava para a noite e o jovem aparentava estar alcoolizado, optei por não avançar nenhuma informação e desconversar.”

Segundo a nossa entrevistada, alegou ser uma pessoa interessada em alugar o apartamento do primeiro piso e, por isso, desconhecer qualquer facto relacionado com a casa no passado. Mesmo assim, disse, o jovem insistiu em perguntar se o segundo piso tinha sido alvo de roubo. “Ele ainda me perguntou se não tinha a chave do apartamento do segundo piso, ao que neguei. Também perguntou-me se sabia o que tinha sido levado da casa. De imediato, o jovem mudou de postura e me informou que, quando os donos estavam em S. Vicente, era ele que limpava a frente e fazia trabalhos na residência. E que foram os proprietários que o pediram para passar sempre para ver se visse qualquer movimento na casa. Por isso é que resolveu se aproximar para saber o que estava a fazer na casa.” 

Quando Etelvina confrontou a proprietária sobre essa abordagem, esta negou que tenha autorizado qualquer sobrinho ou outra pessoa a ficar a verificar a casa. A proprietária terá ainda, segundo Etelvina, levantado a hipótese de ser alguma pessoa ligada ao roubo a querer saber a quantas andam as investigações.

Apesar disso, a jovem alega que não relatou os novos factos a PJ, tendo em conta que já tinha apresentado a queixa. “Não fui novamente na PJ porque isso aconteceu há poucos dias. Isto porque, depois do roubo, vou com maior freqüência à casa, praticamente todos os dias. Entretanto, no último domingo foram colocadas grades em todas as janelas e os cadeados foram reforçados, por forma a prevenir novos assaltos”, revelou.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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