Quase 30 anos disponível e com um sorriso nos lábios para os utentes do HBS

Com 61 anos de idade e quase 30 do Hospital Baptista de Sousa em São Vicente, Maria Orlanda Delgado está sempre disponível para apoiar médicos e enfermeiros, mas não dispensa um sorriso e uma palavra de conforto aos doentes que procuram aquele estabelecimento hospitalar em busca de cuidados. Feliz mas pouco ambiciosa, Orlanda aproveita esta quadra festiva para desejar que 2020 traga muitas alegrias e realizações às famílias cabo-verdianas.

Natural da ilha de Santo Antão, mais precisamente do Município do Porto Novo, Maria Orlanda Delgado conta que veio para São Vicente com 16 anos. Ela conta que foi entregue, ainda criança,a uma família com mais posses que a criou, após a morte do pai. Depois da morte da matriarca teve de fazer pela vida. Em São Vicente, primeiro trabalhou como empregada doméstica, só mais tarde é que foi para o HBS.

“Desde 1992 trabalho no HBS como auxiliar de serviços gerais. Tenho seis filhos que criei sozinha, apenas com o meu salário. Nunca ninguém me ajudou com nada mas, dentro do possível, consegui proporcionar-lhes o indispensável. Tenho orgulho do meu trabalho. Antes estava sob o regime de escala mas, por motivo de doença, fui colocado em horário normal, ou seja, de segunda a sexta-feira, das 7h às 15 horas”, conta esta mulher-batalhadora.

Já prestou serviço em quase todos os sectores do HBS, mas actualmente está colocada no Hospital Velho. “Limpo os consultórios médico e provisiono os equipamentos necessários para facilitar o trabalho dos médicos. Depois fico de prontidão para providencial qualquer coisa que precisarem. Também tento dar atenção aos doentes e seus familiares. Estou aqui par ajudar qualquer pessoa que precisar da minha ajuda, desde médicos, enfermeiros ou utentes”, reforça.

E Maria Orlanda Delgado faz tudo isso sempre com um sorriso nos lábios. Já sobre o seu trabalho, garante que o executa com enorme prazer e nunca se sentiu diminuída por ser serventia no hospital. “Gosto do meu trabalho. Não Tive escola, mas sinto que ajudo as pessoas e faço a diferença. Fui contratada pelo hospital em 1992 depois de ter passado por algumas residências onde trabalhei como empregada doméstica. Continua com a mesma disposição e vontade de fazer que comecei, não obstante alguns problemas de saúde”, diz Orlanda com simplicidade.

Instada a descrever os maiores constrangimentos da sua profissão, sobretudo por trabalhar próximo dos utentes, esta servente garante que nunca ficou chateada com nenhum doente porque sabem que, quando chegam ao hospital, estão debilitados física e psicologicamente. Exactamente por isso procura estar atenta e tudo fazer para facilitar-lhes a vida. “As vezes os doentes precisam mais de atenção do que de remédios. É por isso que estou sempre disponivel.”

Apesar de estar prestes a completar o tempo de serviço, Maria Orlanda Delgado garante que não está ansiosa para a reforma. “É um direito e sei que quando completar o meu tempo de serviço vou para casa, mas não estou preocupada e nem estressada com isso porque aqui todos os dias conheço pessoas novas e faço amigos. Muitos dos meus conhecimentos foram dentro do HBS”, completa esta nossa entrevistada, que não perde uma oportunidade para retornar a Porto Novo para visitar os muitos familiares e amigos de infância.

Nesta quadra festiva, Orlanda não pede muito, apenas vida e saúde para si e para a família, principalmente para a sua mãe já idosa, augurando um 2020 melhor para todos, com fé em Deus.

Constânça de Pina