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Projecto “Zé Luís Solidário” desdobra-se para ajudar Cabo Verde

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A pandemia da Covid-19, mais precisamente a decretação do estado de calamidade no país alertou este emigrante para o impacto que este poderia ter junto das pessoas mais carenciadas da ilha do Fogo. Nascia assim o projecto Zé Luís Solidário inicialmente para a ajudar as pessoas da pequena localidade onde nasceu, Figueira Ilhéu, interior do município dos Mosteiros.

Segundo José Luís Martins, 36 anos, o projecto Zé Luís Solidário foi criado especificamente para ajudar as famílias mais necessitadas da comunidade de Figueira, zona onde nasceu e conhecia a sua realidade. Este emigrante, que reside há seis anos nos Estados Unidos, afirma que se sentiu tocado pela situação das famílias mais carenciadas, que foram seriamente afectadas pela pandemia da Covid-19, e decidiu ajudar, dentro das suas possibilidades.

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“Conhecia muitas famílias de Figueira e sabia as suas carências. Pedi então apoio dos representantes da Igreja Católica e Adventista, e também às equipas de futebol da ilha do Fogo para fazerem uma lista das pessoas mais carenciadas. E consegui ajudar 155 famílias da minha localidade. Foi gratificante”, revela Zé Luís Martins.

Conseguiu arrecadar cerca de 7.800 dólares, dinheiro que permitiu apoiar 98% das pessoas da sua comunidade. “Oferecemos cinco mil escudos em cestas básicas para cada família”, frisa, realçando que, no primeiro aniversário do projecto, feito no dia 3 de abril, “Zé Luís Solidário” teve de mudar de estratégias para evitar desvios do objetivo inicial.

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“Tivemos de mudar porque, de início, envia dinheiro para as pessoas e não o utilizavam para o fim solicitado. Houve alguns enganos. Hoje tenho mais cuidado e optamos por recrutar pessoas que nos estão a apoiar, sem que o dinheiro seja colocado directamente nas mãos do carenciado”, explica.

Neste momento, o projecto tem 3 a 4 representantes em cada ilha de Cabo Verde. São estas pessoas que, explica, fazem o levantamento das pessoas que realmente precisam de ajuda e também são eles que fazem os pagamentos de contas ou compras. “É uma forma de evitar fraude porque o dinheiro não é meu. Eu também recebo apoio e as pessoas que me ajudam precisam saber que o seu dinheiro está a ser bem aplicado”, assegura.

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E desde que mudou a forma de operar no terreno o projecto expandiu para todo o país, de Santo Antão a Brava. Zé Luís não consegue precisar o número de pessoas ou famílias apoiadas, mas não pretende parar. Ao contrário, agora pensa agregar também cabo-verdianos residentes em São Tomé e Príncipe, Portugal e mesmo nos Estados Unidos.

O projecto Zé Luís Solidário tem quatro valências: alimentação, saúde, educação e habitação. Até o momento a Saúde é a área que tem demandado mais recursos, mas o entrevistado do Mindelinsite garante que têm também apoiado estudantes no país com materiais escolares e pagamento de propinas.

“Muitas pessoas estão a pedir-nos para ajudá-los a fazer ou melhorar as suas casas. Mas estes exigem muito dinheiro. A nossa resposta, nestes casos, é que podemos ajudar na aquisição de materiais, por exemplo, cimento e areia, até porque o fogo do nosso projecto é a saúde e a alimentação”.

Os recursos que consegue para financiar os projectos solidários, de acordo com José Luís, provém de um aplicativo e de um cartão postal. Actualmente e graças ao trabalho que tem vindo a fazer é também procurado por muitas pessoas, sobretudo emigrantes cabo-verdianos, interessados em ajudar as famílias em Cabo Verde. A publicitação nas redes sociais ajudou muito porque as pessoas viram que os recursos são bem utilizados.

A nível institucional, recolheu materiais hospitalares que pretende enviar para Cabo Verde. São carrinhos de rodas, colchões hospitalares, bengalas, andarilhos, fraldas e luvas e enviar para os três hospitais na ilha do Fogo e lares de idosos em breve. Paralelamente, espera enviar também algumas mochilas escolares, cadernos e outros materiais escolares para serem distribuídos às famílias carenciadas.

Lidiane Sales (Estagiária)

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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