O Comando da Polícia Nacional de S. Vicente abordou ontem o tema prevenção ao suicídio, numa palestra que contou com a presença de agentes e alguns familiares dos mesmos. De acordo com Joana Costa, Adjunta do Comandante da Esquadra da PN em Monte Sossego, a iniciativa foi levada a cabo não só devido a empatia com a temática – e melhor preparo dos policiais para lidarem com esta problemática -, mas principalmente devido ao número de casos de cometimento ou tentativas de suicídio, e a demanda das intervenções policiais.
Segundo a oficial, a palestra ocorre exatamente no mês da saúde mental, mas sublinha que estas ações são constantes e necessárias devido a necessidade de a PN estar à altura das demandas da sociedade. Como tal, diz, é preciso uma “abordagem atualizada”, embora não haja dados das causas específicas do suicídio.
Claúdia Galina, psicóloga clínica nos centros de saúde de Monte Sossego e Chã d’Alecrim, diz que acolheu com gosto o convite da Polícia para falar deste tema, por ser extremamente importante. Felicitou deste modo a PN pela iniciativa, porque, diz, à medida que as instituições são chamadas para intervir e fazer abordagens desse tipo acabam por trabalhar melhor o tema e diminuir o estigma. Um fator que considera ser muito importante na luta contra o suicídio.
A mesma fonte, esclarece que as causas desse acto extremo são várias, desde pessoais e sociais a problemas de saúde mental. Quando a tentativa de suicídio está relacionada com transtornos mentais, salienta a médica, surge a necessidade de uma intervenção mais especializada e que envolve os profissionais de saúde. Da mesma forma salienta a importância da formação dos agentes policiais para uma melhor prestação de serviço nos casos em que aparecem tais situações. “Esta ação é para uma maior consciencialização, aumentar a sensibilidade dos agentes na intervenção nos casos de suicídio no geral”, especifica a psicóloga. Para ela, a prevenção primária é exatamente esta, sensibilizar e consciencializar as pessoas de forma preventiva.
Outra palestrante foi Iria Monteiro, psicóloga do Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA), que enfatizou na sua abordagem a importância dos “primeiros socorros psicológicos” perante esse tipo de cenário. Na sua intervenção, mencionou bastante a questão da empatia, que considera ser o ponto primordial na questão dos primeiros socorros psicológicos. Frisa que é preciso ser solidário para com a pessoa que tentou tirar a própria vida e também prestar apoio à sua família. Isto de uma forma “não intrusiva”, com os “procedimentos corretos”.
Iria Monteiro realça, entretanto, que os próprios agentes da PN precisam estar bem psicologicamente – visto que são expostos a várias situações de risco na sua actividade profissional – para que possam prestar um serviço de qualidade.
Andrea Lopes (Estagiária)