A Polícia Judiciária denuncia esquema de burla sofisticado com disseminação de conteúdos audiovisuais falsificados que circulam nas redes sociais e em plataformas de partilha de vídeos, que já resultaram em denúncias, queixas formais e grandes perdas de dinheiro. Os materiais, informa, incluem vídeos manipulados, supostas reportagens e alegadas entrevistas com jornalistas e com representantes de instituições nacionais, utilizados para promover esquemas de investimento fraudulentos com promessas de rendimentos elevados, rápidos e garantidos.
De acordo com esta polícia de investigação, o modus operandi identificado apurou que os indivíduos ou grupos criminosos responsáveis por este esquema recorrem a técnicas avançadas de edição digital, através das quais são produzidas falsas entrevistas, reportagens ou mensagens que simulam, de forma convincente, a voz e a imagem de figuras públicas. Utilizam, diz, “conteúdos noticiosos, tanto televisivos como da imprensa escrita e digital, recorrendo à criação de artigos falsos, layouts semelhantes aos de jornais e portais de notícias, títulos manipulados e entrevistas inventadas, apresentados como se fossem legítimos e provenientes de órgãos de comunicação social credíveis.”
Ainda: manipulação de grafismos, logótipos, formatos de telejornais e elementos visuais típicos de meios de comunicação, com o objetivo de conferir legitimidade e criar uma aparência de autenticidade ao conteúdo difundido, argumentos persuasivos que promovem supostos “grandes negócios” de investimento financeiro, explicam falsos métodos de adesão e apresentam alegadas garantias de lucro, depoimentos e comentários de falsos ganhadores, com o intuito de induzir as vítimas a depositar ou transferir valores.
Afirma esta polícia que o principal objetivo dos criminosos é criar credibilidade e induzir as vítimas a realizar depósitos ou transferências para contas controladas por burladores. “Os vídeos em circulação não correspondem a qualquer reportagem, entrevista ou comunicação oficial de órgãos de comunicação social ou de entidades públicas”, realça. “Todos os diálogos, depoimentos e explicações apresentados são fabricados, constituindo um mecanismo de burla,” pontua.
O recurso a inteligência artificial para produzir voz e imagem artificiais, afirma, permite que as conversas aparentam ser reais, mas não passam de simulações destinadas unicamente a enganar o público. “A Polícia Judiciária tem recebido denúncias e queixas formais relacionadas com esta prática criminosa, incluindo grandes perdas financeiras, em que as vítimas tomaram conhecimento da natureza fraudulenta apenas após efetuarem transferências bancárias ou partilharem dados pessoais sensíveis”, relata.
A instituição aconselha a população que mantenha uma postura de vigilância relativamente a vídeos que apresentem promessas de lucro rápido e garantido, entrevistas ou reportagens “suspeitas” que promovam investimentos financeiros, mensagens que solicitem depósitos imediatos ou recolha de dados pessoais e conteúdos que usem identidade visual de órgãos oficiais sem origem verificável. Recomenda, por outro lado, a verificação da autenticidade das fontes antes de qualquer decisão financeira, denúncia imediata às autoridades sempre que forem identificados conteúdos suspeitos e abstenção de qualquer pagamento, registo ou interação com plataformas que não possam ser confirmadas como legítimas.
Exorta as pessoas a não seguir instruções contidas nos vídeos, reiterando que se trata de um esquema de burla sofisticado, cujo único objetivo é a apropriação ilícita do dinheiro das vítimas. E termina pedindo a colaboração do público para denunciar conteúdos suspeitos, não partilhar informações duvidosas e verificar a autenticidade da comunicação, para ajudar a PJ a prevenir fraudes e a reprimir este tipo de crime.







