Sónia Andrade, 33 anos, está a viver o drama de poder perder a visão por completo enquanto espera para ser evacuada para tratamento médico em Portugal. Há pouco mais de um ano ficou cega do olho direito, agora o medo dela é que a mesma situação ocorra com o esquerdo.
Documento médico informa que esta mãe sofre de Neuromielite Óptica, uma doença autoimune rara e grave, que afecta principalmente o nervo óptico e a medula espinal, podendo levar à cegueira. Este é o quadro da paciente, que já só vê pelo olho esquerdo e receia agora perder a visão que lhe resta. Isto porque tem sentido os sintomas – como dor de cabeça, tontura e fraqueza muscular -, como os que antecederam a perda total da vista no olho direito.
“Perdi a visão de forma súbita. Comecei a sentir uma forte dor de cabeça e pensaram que poderia ser um AVC. Fiz 4 ressonâncias e uma TAC, que não confirmaram o AVC. Entretanto, a dor continuou e acabei por ficar cega. Agora estou preocupada com a possibilidade de acontecer a mesma coisa com o outro olho”, confessa a paciente, que foi evacuada para o hospital Agostinho Neto, na Cidade da Praia, quando perdeu a visão, tendo ficado 3 meses internada.
Sónia explica que, entretanto, passou um tempo sem acompanhamento médico, porque o seu médico regressou a Cuba, e, neste ínterim, foi atacada por dores de cabeça ao ponto de ser levada para o banco de urgência do Hospital Baptista de Sousa. Logo no dia seguinte foi atendida por um outro médico cubano, que lhe explicou que a Neuromielite Óptica é uma doença que costuma atingir principalmente pessoas a partir dos 45 anos. Por isso estranhou quando viu que, neste caso, a paciente é jovem. Andrade foi ainda informada que a doença tem tendência a piorar e que a recuperação é rara.
No caso desta jovem, já foram registadas melhoras. Explica que antes tinha que ficar deitada porque não tinha forças sequer para sentar na cama. Hoje já fica sentada, mas ainda não consegue colocar-se de pé. “Se estou a ter melhoras, com mais razão deveriam continuar o meu processo de evacuação”, comenta Sónia Andrade, que costuma gastar mais de dez contos mensais na compra de medicamentos. Sem emprego e sem cobertura do INPS, esta despesa tem estado a ser uma grande sobrecarga financeira para a família.
Sónia Andrade revela que o seu processo de evacuação para Portugal começou a ser elaborado em fevereiro deste ano pela Junta Médica. Inicialmente, diz, tudo estava a ser encaminhado com a devida brevidade: foi logo contactada pelo serviço de evacuação e informada que iria para um hospital na Cidade do Porto, em Portugal. Entretanto teria que arranjar apenas um endereço, que providenciou.
Segundo a jovem, ficou à espera até agora e foi informada que o seu processo parou porque passou a registar melhoras. Além disso, diz que Portugal solicitou uma videoconferência para discussão do seu caso, o que não aconteceu. Por isso pede uma explicação.