O Tribunal de S. Vicente retomou esta manhã o julgamento da “Operação Epicentro”, após suspensão ditada por um recurso, mas acabou por adiar para amanhã o início da produção de provas e audição dos 28 arguidos deste processo ligado aos crimes de narcotráfico, associação criminosa e lavagem de capitais. A decisão foi tomada devido a ausência dos defensores e mandatários de 4 arguidos, que têm escritórios na cidade da Praia e que só devem chegar à cidade do Mindelo hoje à tarde.
Dois dos 3 juristas residentes na Capital chegaram a solicitar o adiamento da audiência, pedido este recusado pela juíza-presidente do tribunal coletivo, que levou adiante a resolução de algumas questões prévias no período desta manhã. A magistrada lembrou que já havia alertado na semana passada que o tribunal não iria protelar o reinicio do julgamento, visto que a decisão ao recurso interposto para o Tribunal da Relação de Barlavento, e que ditou a suspensão provisória da audiência, teria uma resposta quase que imediata. O que, aliás, chegou a acontecer, tendo a presidente do TRB emitido o seu parecer três dias após a entrada do documento.
O julgamento foi, entretanto, marcado pela segunda vez consecutiva pela análise e decisão de questões prévias suscitadas fundamentalmente pela defesa e que consumiram todo o período da manhã. A sessão começou às nove horas em ponto e terminou ao meio-dia com despacho do tribunal-colectivo a repassar para amanhã o início da audição dos suspeitos. A intenção, no entanto, era continuar a audiência, mesmo sem a presença dos advogados residentes na Capital, tendo o tribunal manifestado a sua intenção de garantir a defesa dos arguidos através da indicação de defensores oficiosos dentre o grupo de juristas ligados ao caso. Só que os advogados presentes não se mostraram muito abertos a colaborar nesse sentido, o que gerou um debate em torno da questão dos direitos dos arguidos.
Perante este impasse, os intervenientes acordaram em suspender a sessão e continuar amanhã. No entanto, para garantir que o julgamento irá continuar sem sobressaltos, a juíza-presidente jogou na antecipação e nomeou os defensores dos 4 arguidos.
Hoje foram analisados e decididos requerimentos como o pedido de adiamento do julgamento, revogação e renúncia de defensores de alguns arguídos, mudança da medida de prisão preventiva decretada a um dos réus e um pedido de devolução de bens apreendidos. O Ministério Público posicionou-se a favor da manutenção da referida medida de coação e foi ainda contra a devolução dos materiais apreendidos pela Judiciária a um arguido no quadro da investigação do caso. Além disso foi aceite a troca de uma testemunha de defesa para outra pessoa.
Esta manhã, refira-se, o tribunal efectuou a identificação dos 28 arguidos, oito dos quais mulheres, e não 11 como este jornal chegou a anunciar.