A OMCV vai arrancar em breve um curso de confecção de lingerie em S. Vicente com uma turma composta por dez mulheres, com idades que vão dos 18 aos 30 anos. A organização já dispõe da maquinaria e matéria-prima e está neste momento à procura de pessoal qualificado para ministrar as aulas.
Este projecto é fruto do empenho de uma açoriana que decidiu investir o seu próprio dinheiro para ajudar a OMCV-SV a equipar a sua sala de formação em corte e costura. Segundo Fátima Balbina, delegada da organização em S. Vicente, a ideia do curso de lingerie foi sugerida por essa colaboradora de 70 anos de idade durante uma conversa telefónica.
“Ela é também costureira, confeciona lingerie e perguntou-me se fabricamos essas peças em Cabo Verde. Respondi-lhe que isso acontece de forma muito tímida por falta de equipamentos e ela prontificou-se em ajudar-nos a colocar esse curso de pé”, informa.
Passo seguinte, essa cidadã portuguesa comprou equipamentos no Brasil e pagou o envio dos mesmos para S. Vicente por via aérea. Paralelamente fez chegar matéria-prima, como tecidos para soutiens, enviada ao cuidado de particulares.
Pelas contas da OMCV-SV, a açoriana já gastou mais de mil contos nos equipamentos e materiais, além de dinheiro enviado para aquisição de outros produtos no mercado mindelense. E o mais curioso, segundo Fátima Balbina, é que ela sequer conhece S. Vicente e a organização. A ideia é que ela possa vir à cidade do Mindelo por altura do arranque da formação. “Como depreendi, ela quer apenas ajudar as mulheres cabo-verdianas a se empoderarem, terem nas mãos mais uma ferramenta profissional e poderem criar o seu próprio negócio”, diz Balbina. Aliás, as candidatas ao curso só serão aceites, conforme esta fonte, se tiverem iniciativa e pretenderem estabelecer o seu próprio negócio no domínio da produção de lingerie.
Há dois anos que a açoriana começou a ajudar a OMCV-SV, primeiro enviando dinheiro para compra de produtos. Depois incluiu os equipamentos para a formação em corte e costura da organização. No entanto, foi um grande desafio retirar as máquinas da alfândega por terem sido doadas por uma pessoa particular. “A nossa lei aceita donativos de organizações e instituições formalizadas e cria problemas quando se trata da ação de uma particular”, informa Fátima Balbina, que contou com o apoio de despachantes para poder resolver o problema. Mesmo assim o processo consumiu meses e deixou a doadora indignada com o sistema burocrático cabo-verdiano.
Ultrapassada essa fase, a OMCV-SV quer abrir o curso de confeção de lingerie o mais rápido possível. Neste momento, a organização está a encetar contactos para encontrar pessoas qualificadas para ministrar as aulas.