O centenário clube desportivo Mindelense será homenageado na sétima edição do festival Kavala Fresk, que este ano acontece no dia 13 de Julho. Como explica Josina Freitas, não é todos os anos que um grémio cabo-verdiano comemora os seus cem anos de existência e ao mesmo tempo conquista mais um título nacional. Deste modo, o Kavala Mob será feito com o envolvimento dos atletas, dirigentes e simpatizantes dos campeões da Rua da Praia d’Bote, avenida que, por sinal, acolhe a sede do clube de futebol e é a “passarela” das várias actividades inseridas nesse festival gastronómico.
No entanto, o foco desta edição é o ambiente, daí a organização ter escolhido como slogan “Oli Kavala Challenge”. O desafio, explica Josina Freitas, é sensibilizar o público, operadores e todos os utilizadores das praias a contribuírem para a protecção da natureza. Repensarem sobre as atitudes já “naturais” no seio da humanidade de despejar tudo o que é considerado “lixo” nas praias e nos oceanos.
Essa mensagem está explícita no vídeo promocional deste ano, que teve como cenário uma praia situada entre a Baía das Gatas e Praia Grande e que costuma acolher toda a lixarada atirada ao mar pelos navios que sulcam a zona Norte da ilha de S. Vicente, mas também por pessoas que vão fazer piqueniques. O trabalho mostra um grupo de pessoas recolhendo uma série de objectos considerados lixo – cordas, redes de pesca, boiões de óleo, etc. – e que depois dão corpo a uma cavala artisticamente “esculpida” na areia.
Segundo Kizo Oliveira, há duas mensagens implícitas nessa imagem: a primeira é que todo o lixo que os humanos atiram para o mar acabam por ser consumidos pelos peixes e outros seres marinhos; a segunda é que esses materiais podem ser transformados em algo visualmente positivo, o que é uma das missões do Kavala Fresk Feastival. “A palavra de ordem da campanha é transformar, que é mais do que reciclar”, frisa Kizó Oliveira.
Para os organizadores, o Kavala Fresk tem conseguido atingir várias finalidades, como o seu impacto socioeconómico em S. Vicente, mas reconhecem que ainda não alcançaram outro alvo importante que é a contribuir para a adopção de uma atitude ecológica mais impactante. “Decidimos trabalhar a vertente ambiental, mas não vamos falar da urgência da preservação porque não somos autoridade na matéria, mas todos temos a noção da importância desse assunto”, enaltece Freitas.
A estrutura do festival não sofreu grandes alterações, porque, explica essa fonte, em equipas ganhadoras não se deve mexer muito. Deste modo, o programa da sétima edição inclui actividades como Kavala Mob, Karnavala – com o grupo Samba Groove -, Corrida de Bote, Kavala na mei d’mar – com a dupla Jeniffer e Bau -, teatro com Flávia Gusmão – que apresenta uma peça inspirada num trabalho da artista Luísa Queirós -, Moda Kavala, Exposição com o grupo Txiluf e o artista plástico Kiki Lima, além da actuação no palco da praceta Dom Luiz de Jocy Santos e Batchart. Ingredientes que, nas palavras de Josina Freitas, irão ajudar os apreciadores a degustarem os vários pratos inspirados na cavala.
Este ano, o Kavala Fresk não terá a vertente Diplomacia Gastronómica, que costuma trazer chefes internacionais para intercâmbio e sessão de degustação nas vésperas do evento. Segundo Freitas, a Mariventos não conseguiu reunir todas as condições para o efeito. Por norma, esses profissionais serviam como juízes do troféu “Kavala mais sabe”, pelo que o prémio ganha este ano um novo contorno – agora será atribuído ao restaurante mais ecológico. Este será escolhido tendo por base critérios como menor uso do plástico, ambiente mais limpo, capacidade de sensibilização do público para produzir menos lixo, etc. A avaliação será feita por uma comissão. Por arrastamento, a organização pretende aproveitar o evento para sensibilizar empresas de importação e fornecedores a apostarem em produtos recicláveis, menos agressivos ao ambiente, como, por exemplo, copos de papel.
Este ano, tendo em conta o slogan, a Câmara de S. Vicente vai aumentar a disponibilidade de contentores de lixo ao longo do espaço usado pelo festival, que vai da réplica da Torre de Belém à praia da Avenida Marginal. Segundo o edil Augusto Neves, a preocupação do festival coincide com a da autarquia mindelense, que aproveitou o mês do ambiente para promover duas campanhas de recolha de lixo, em especial do plástico. Isto para limpar zonas afectadas e ao mesmo tempo impedir que esses objectos sejam carregados pela chuva para o mar. “Somos ilhas e o nosso ouro e diamante reside no mar. A Câmara tem apostado na protecção do ambiente com o intuito de garantir um ambiente mais saudável e transformar a cidade do Mindelo e toda a ilha de S. Vicente num destino turístico de referência, tal como é o caminho a ser trilhado pela marca Kavala Fresk”, realça Augusto Neves.
Kim-Zé Brito