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Mindelo escolhida como palco de congresso da rede de mulheres juristas negras brasileiras Black Systers in Law

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A cidade do Mindelo foi escolhida como palco de um congresso de juristas, o segundo a ser realizado no espaço lusófono pela rede Black Systers in Law (Irmãs Negras no Direito), integrada por mais de 6 mil advogadas negras de todos os Estados do Brasil. Em entrevista ao Mindelinsite, Dione Assis explica que dois factores foram determinantes para a aposta na Cidade do Mindelo: a beleza da urbe e a sua cultura pujante. “É óbvio que iremos à Cidade Praia por conta de ser a capital e termos lá referências, mas estar no Mindelo será um pouco mais profundo, em especial devido a cultura e a beleza da cidade”, reforça.

A brasileira explica que o encontro terá três pilares: a conexão tecno-jurídica (marcada por um intercâmbio estreito com colegas da área do Direito cabo-verdiano), encontro com o empresariado mindelense e a parte cultural, que irá permitir conhecer as manifestações existentes em Cabo Verde, em particular na chamada ilha do Monte Cara.

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Em princípio, virão 50 juristas do Brasil para conviver durante uma semana com um número ainda indeterminado de profissionais cabo-verdianas, mas que a organização espera ser bastante expressivo. O objetivo é, segundo a citada fonte, trazer o conhecimento e a experiência das associadas da rede Black Systers in Law, numa lógica de partilha mútua. “Queremos mostrar o que sabemos e aprender com as advogadas daqui, saber quais as situações/desafios que enfrentam e as soluções que apresentam”, deixa claro Dione Assis, que perspectiva um encontro muito rico e dinâmico.

A data do evento ainda não foi definida. Neste momento estão a decorrer encontros presenciais com a classe jurídica em S. Vicente com essa finalidade. Dione Assis vai adiantando que a Black Systers in Law quer revelar a sua história e mostrar o trabalho que a rede está desenvolvendo no Brasil.

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A iniciativa, como conta, surgiu na sequência de um convite que recebeu para ser uma das oradoras num evento organizado pela Ordem dos Advogados do Brasil e notou que era a única jurista negra entre um grande grupo de mulheres de origem branca. Ao confrontar a organização com esse facto foi informada que não tinham conhecimento de advogadas negras no Brasil, o que a deixou chocada.

Decidida a mudar as coisas, Dione Assis contactou algumas profissionais negras que, por sua vez, foram envolvendo outras colegas nesse movimento. Em dois anos e meio, diz, atingiram mais de 6.000 membros dentro e fora do Brasil, rede esta que continua a se expandir. “Brasil é um país maioritariamente negro (56%), mas que não tem tido grandes oportunidades. Por exemplo, durante muito tempo os negros não puderam frequentar as melhores escolas. Isto só começa a acontecer agora por conta das cotas”, ilustra. Por causa dessa discriminação, acrescenta Dione Assis, as juristas negras foram também impedidas de exercerem advocacia nos grandes gabinetes.

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Hoje, prossegue a fonte, essas profissionais estão mostrando ao país que existem e têm competência profissional para trabalharem nas diversas áreas do Direito. No entanto, têm-se destacado fundamentalmente na defesa dos casos de racismo.

A Black Systers in Law incluiu no seu plano anual de actividades a realização de um congresso fora do Brasil. O primeiro aconteceu em Angola em janeiro de 2024, o segundo será em Cabo Verde, faltando definir a data. A rede promete trazer 50 juristas do Brasil para participarem no encontro em Mindelo.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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