Carlos “Xexéu” Pereira, mestre que revolucionou a prática da Capoeira na ilha de S. Vicente, foi distinguido ontem na cidade do Porto com o título Honoris Causa pelo trabalho desenvolvido com crianças e jovens em Cabo Verde, Brasil, França, Suécia, Portugal e Luxemburgo.
A distinção foi atribuída pela Ordem dos Capelães do Brasil, que reconheceu o impacto da metodologia usada por Xexéu no ensino dessa arte afro-brasileira com os seus alunos. Conforme a instituição, utilizou a Capoeira como uma poderosa ferramenta de educação, inclusão e socialização.
Apesar de estar no retiro há 11 anos, as sementes plantadas pelo Mestre Xexéu nos países onde ministrou aulas continuam a germinar, como justificou a Ordem. A Capoeira, nas suas amplas vertentes, prossegue a Ordem, foi amplamente difundida por meio de formações para profissionais do desporto e da educação, promovendo o desenvolvimento de projetos sociais com enfoque no respeito, disciplina e empoderamento dos jovens. “O reconhecimento celebra não apenas a sua trajetória individual, mas também a multiplicação de educadores e agentes de mudança formados sob sua orientação, cuja atuação continua a transformar vidas por meio do desporto e da pedagogia social.”

Residente na cidade do Mindelo, onde fundou uma escola e ministrou aulas a centenas de crianças, jovens e adultos, Xexéu disse ao Mindelinsite que se sente grato por esse reconhecimento. “São frutos colhidos por ter acreditado que era possível fazer um trabalho diferenciado”, declarou à nossa reportagem a partir da cidade do Porto, onde a cerimónia decorreu.
Na sua intervenção, Xexéu deu maior enfoque ao trabalho que desenvolveu em Cabo Verde, país onde vive e continua a colher os frutos através da rede de amizades implantada. “É claro que o trabalho realizado no Brasil e na Europa tem o seu valor, mas o lado social, este posso ver os resultados todos os dias nas ruas da cidade do Mindelo quando encontro homens e mulheres que tive o privilégio de dar o meu contributo na sua formação quandoeram ainda crianças e jovens””, salienta.
Apesar de ter deixado de ministrar aulas há 11 anos, Xexéu continua a dar suporte aos alunos da Associação Liberdade e Expressão sempre que for preciso. Afirma que mantém um compromisso moral com esses capoeiristas, que, quando mais jovens, decidiram depositar a sua confiança na sua pessoa.