O ministério da Economia Marítima pretende aliar o projecto de recuperação do trampolim e da piscina pública da Matiota ao da construção de um clube náutico perto da Cabnave para requalificar essa zona balnear bastante usada pelos mindelenses, mas que se encontra em estado de abandono. Por arrastamento, Paulo Veiga aventa a possibilidade de deslocar a Piscina Oceânica do Mindelo da praia da Lajinha para as águas calmas e cristalinas da Matiota e ligar estas duas estâncias por um passadiço em madeira.
Neste sentido, Paulo Veiga convocou os promotores dessas iniciativas particulares para uma reunião, que serviu para debaterem ideias e ver como concretizar um plano mais abrangente de recuperação e valorização da Matiota. O objectivo, assume o ministro, é dignificar esse espaço, que tem estado abandonado há anos, e dar mais segurança aos usuários. “Estamos a falar de um sítio com um legado histórico, pois a Matiota deixou uma memória em S. Vicente e merece ser acarinhada. Podemos fazer isso promovendo a recuperação do trampolim e da piscina e acrescentar outras valências, como a construção de um clube náutico, que será uma academia para a promoção de desportos náuticos não-motorizados. Estamos a falar da prática do caiaque, padle, natação, etc.”, ilustra Paulo Veiga.
Aproveitando a embalagem, o ministro quer instalar um passadiço em madeira junto à parede da Electra e fazer uma ponte pedestre entre a praia da Lajinha e Matiota. Ciente de que essa estrutura irá passar à beira da enseada de coral, o governante quer primeiro discutir com os ambientalistas e biólogos marinhos os eventuais impactos ambientais dessa obra. “Aqui não se trata de um projecto do ministério, mas sim da conciliação de ideias da sociedade civil – como são os casos da recuperação do trampolim e da instalação do clube náutico – com o mero objetivo de valorizar esse espaço marítimo”, frisa Paulo Veiga.
O ministro garante que vai envolver a comunidade cientifica na tomada de medidas que possam provocar algum impacto na enseada de coral. Aliás, Paulo Veiga promete colocar em cima da mesa o projecto de desvio das águas pluviais dessa pequena baia, as tais chamadas bombas de lama e que geraram muita polémica. Enfatiza que a Enapor dispõe já de um projecto que pode ser implementado com base em estudos da dinâmica da corrente nessa área. “Temos de saber ao certo para onde desviar os tubos e minimizar o impacto das enxurradas na baia de coral e na zona balnear da Lajinha”, salienta Veiga.
No tocante a Matiota, o ministério da Economia Marítima tenciona começar a trabalhar de imediato. O primeiro passo será pedir uma autorização ao IMP para efectuar um levantamento das condições do fundo do mar nessa zona por uma equipa técnica. Informações que serão úteis para as intervenções mais imediatas. É que o ministério quer melhorar a segurança dessa zona balnear ainda neste verão.
Para poder diversificar a oferta de lazer e desporto nessa área, o ministério da Economia Marítima deverá deslocar a estrutura flutuante da piscina oceânica para junto das pedras da Cabnave, uma zona de água cristalina e mais protegida do que o local onde está situada. Isto é num recanto a sul da praia da Lajinha, por sinal assolado pela correnteza.
A ideia é reforçar a oferta de desportos náuticos no âmbito da instalação do clube náutico na Matiota. Esta academia, que vai facilitar a vida aos praticantes de diversas modalidades, será construída num terrapleno situado junto a placa de futebolim da Cabnave, um lote pertencente ao Estado e que será agora disponibilizado para o bem-estar dos mindelenses, segundo Paulo Veiga.
Esta intervenção já perspectiva o desmantelamento dos estaleiros navais da Cabnave e a devolução dessa orla à cidade do Mindelo, mas o ministro vai lembrando que esta intervenção vai levar o seu tempo. Paulo Veiga recorda que foi identificado uma área na zona da Saragaça para acolher o novo estaleiro naval, no quadro da Zona Económica Especial Marítima, mas deixa claro que a elaboração do estudo e implementação de um projecto dessa envergadura demora entre quatro a cinco anos. “Só depois de termos este novo estaleiro construído é que podemos desmantelar a Cabnave. Não podemos pura e simplesmente acabar com esta empresa que é fundamental para a economia marítima e o sector dos transportes marítimos sem termos outra opção pronta”, enfatiza o governante.
Segundo Veiga, quando a Cabnave for desactivada, S. Vicente ficará com um dos terrenos mais privilegiados para investimentos capazes de valorizar a baia do Mindelo, que ele considera ser a mais bela do mundo.