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Marítimo demitido cobra pendentes à CVI: Empresa nega dívidas e estranha o “timming” para requerer pagamento

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Fernando Delgado procurou o Mindelinsite para denunciar a sua antiga entidade patronal, no caso a Cabo Verde Interilhas. Disse que foi contratado, mas tentou quebrar o vínculo laboral antes do término do contrato. No entanto, a empresa recusou prescindir dos seus serviço pelo que o seu contrato renovou automaticamente. Mas, para seu espanto foi dispensado logo de seguida e a empresa não liquidou todos os seus direitos. Garante que quer fazer um acordo amigável mas, caso não for possível, vai resolver este contencioso no tribunal. A CVI afirma que está a analisar o caso internamente. Estranha no entanto o timming escolhido, quatro meses após o desembarque, para vir alegar que se encontrava de férias e requerer o pagamento dos meses subsequentes. 

Segundo este marítimo, esta situação está a criar-lhe enormes constrangimentos porquanto a Cabo Verde Interilhas ficou em divida para com a sua pessoa. “Esta dívida só cresce e já ascende a centenas de contos. Desde Fevereiro estou sem receber qualquer remuneração da empresa. O meu contrato terminou, mas ainda ficaram contas para acertar. São estas dívidas que quero cobrar”, relata. Delgado afirma ainda que, recentemente, procurou o Instituto Nacional da Previdência Social para solicitar um documento para fins de moratória, e este foi-lhe recusado, alegadamente porque, de acordo com informações que recebeu no instituto, a empresa está em incumprimento.

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“Foi uma situação em que senti que fui sabotado no meu direito. Um funcionário  do INPS ainda tentou, por diversas, abordar a direcção da CVI, sem sucesso. Quando conseguiu, de acordo com informações que me passou, a empresa terá alegado esquecimento na entrega de um documento que confirmava a minha mudança de emprego”, declara este marítimo que, não obstante ter sido demitido, diz que foi e continua a ser afectado pela pandemia da Covid-19 porquanto, seguindo as recomendações da autoridades sanitárias, desde fevereiro decidiu ficar em casa.   

Em jeito de exemplo, cita uma empresa internacional onde, diz, chegou a trabalhar anteriormente, que manifestou interesse nos seus serviços. Mas, por causa do pendente que mantém com a CV Interilhas, foi aconselhado por um jurista a não abandonar o seu posto de trabalho, sem uma confirmação da concessionária dos transportes marítimo interilhas. “Neste momento estou a ser orientado por um jurista. Procurei o jornal para denunciar esta situação porque pretendo levar a CVI ao Tribunal, caso não conseguirmos chegar a um entendimento”, afiança.

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Para além de todo o estresse provocado por esta situação, Delgado mostra-se particularmente magoado com a TCV no Mindelo que, afirma, procurou em primeira-primeira-mão, mas recusaram ouvir a sua história. “Não sei porque motivo não foi-me permitido denunciar esta situação, que considero de sufoco por parte de uma empresa que quer se impor aos seus funcionários e não aceita criticas. Tenho documentos a provar aquilo que estou a dizer. Queria apenas respostas”, desabafa.

Indo mais além Delgado exemplifica a alegada intransigência da CVI com o caso da demissão de um colega, no caso o Imediato do navio “Sotavento”, alegadamente por suspeita de este ter revelado informações internas. Em solidariedade ao colega, lembra, um comandante solicitou o seu desembarque.

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CVI diz que marítimo pediu desembarque 

Confrontado por Mindelinsite, a CVI diz não ser sua pratica tratar assuntos relacionados com seus colaboradores através da imprensa. Mas, perante esta circunstância, abre uma excepção para esclarecer que se trata de um tripulante que pediu rescisão de contrato ao fim de três meses de embarque. “Depois do seu desembarque recebeu o pagamento das suas contas finais, inclusive das férias. Estranhamos a atitude do tripulante que depois de 4 meses de desembarcar vem alegar que se encontrava em férias e requerer o pagamento dos meses seguintes.”

Entretanto, para que não restam dúvidas, informa que o assunto está a ser analisado internamente, com apoio jurídico, e será resolvido com celeridade dentro do quadro legal. “Asseguramos também que a CVInterilhas não tem, nem nunca teve em nenhum momento, atrasos com a previdência social”, finaliza a assessoria. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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