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Julgamento: Médico Gilson Alves volta a alegar “total” inocência; Músico Djassa Pereira reforça acusação de tentativa de homicídio

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O Tribunal de S. Vicente iniciou esta manhã o julgamento do médico Gilson Alves, que, na condição de arguido, defendeu a sua “total” inocência de um rol de crimes que envolvem ameaça, ofensa à integridade física e homicídio simples na sua forma tentada. Delitos que, conforme a acusação, o ex-candidato do PTS a Presidente da República cometeu contra o músico Jacinto “Djassa” Pereira em 2023, na localidade de Chã de Alecrim, onde ambos residiam.

Confrontado pelo juiz com as situações suportadas pelo Ministério Público, Gilson Alves negou taxativamente que tenha alguma vez ameaçado Djassa, nomeadamente através de mensagens enviadas pelo aplicativo Messenger, e atentado contra a sua vida com uma arma de fogo. O único ponto que admite ter acontecido é um golpe de ferro desferido na cabeça do ofendido no dia 12 de março do ano passado, num dos confrontos físicos entre os dois, mas assegurou que isso aconteceu num acto de mera autodefesa a uma tentativa de agressão do ex-amigo.

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Pesa sobre o arguido a suspeita de ter efectuado 6 disparos contra Djassa na tarde do dia 2 de junho de 2023, mas sem acertar o alvo. O caso terá ocorrido quando o músico estava a pintar a porta da varanda da sua casa por volta das 13 horas e foi alegadamente surpreendido por Gilson Alves a disparar na sua direção a poucos metros de distância. Djassa conta que estava de costas para o médico, mas foi avisado pela filha, a tempo de entrar a correr em casa e escapar dos tiros. Acrescenta o ofendido e assistente no processo que o arguido usava um capuz – que deixava ver os olhos e a boca – e usava as mesmas roupas (camisola preta e calças de ganga) que trajava momentos antes do incidente.

Pedido pelo juiz para comentar essa acusação, Gilson Alves voltou a alegar inocência, tendo assegurado que a essa hora estava a almoçar atum estufado na casa da namorada, uma das testemunhas arroladas. “Nunca disparei uma arma e não tenho porte de arma”, afirmou o arguido.

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“Se não fosse minha filha, hoje estaria morto”

Já no seu depoimento, Djassa Pereira apresenta uma versão diferente, que aponta Gilson Alves como o autor da tentativa de homicídio. Assegura que momentos antes o arguido esteve a rondar a sua casa e parou o carro nas proximidades para depois surgir de arma em punho disparando contra a sua pessoa. Afirma categoricamente que, se não tivesse sido avisado pela filha, neste momento estaria morto.

Sobre o crime de ameaça, acusação esta suportada em mensagens enviadas supostamente por Gilson Alves pelo aplicativo Messenger, o arguido alega que não tem conta pessoal no Facebook. Acrescenta, entretanto, que foram criados alguns perfis com o seu nome e foto durante a campanha para as presidenciais, mas que não tem controlo sobre os mesmos. Deste modo, diz não saber quem enviou as ditas mensagens de ameaças para Djassa. Aliás, afirma ter lido as mensagens e a única que poderia indiciar ameaça dizia apenas ‘a tua vida vai complicar-se’, frase que, para ele, suscita vários tipos de interpretação.

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Porém, o juiz fez notar que as mensagens revelam detalhes muito precisos de situações, o que leva a supor que se trata de alguém conhecedor dos acontecimentos e na posse de muitos detalhes. Sobre este ponto, Djassa assegura que a conta é de Gilson Alves e que costumavam comunicar-se por esse canal.

Ficou evidente na audiência desta manhã que o conflito entre Gilson e Djassa despoletou porque, conforme o arguido, o músico Djassa negou restituir-lhe um conjunto de mobiliários que tinha guardado na sua casa havia 10 anos. Tudo indica que Djassa tomou essa decisão porque Gilson terá negado pagar parte do valor acordado para gravação de 22 canções no seu estúdio caseiro, em Chã de Alecrim. A partir desse instante, o clima foi ficando cada dia mais tenso entre os dois amigos, a ponto de descambar para violência física. Ambos já apresentaram, inclusivamente, queixas um contra o outro por agressão.

O caso chegou agora ao Tribunal, com Gilson Alves acusado de ameaças, ofensa à integridade física e tentativa de homicídio. Detido em junho de 2023, ficou a aguardar julgamento em prisão preventiva. A audiência decorre no segundo Juízo-crime e deve terminar amanhã.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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