A Inspeção-Geral do Trabalho e o ICCA estão a fazer contactos directos com crianças e adolescentes em escolas das ilhas de S. Vicente e Santo Antão para falarem sobre o trabalho infantil em Cabo Verde. Até o momento, os técnicos já estiveram com estudantes dos polos do Calhau e S. Pedro, na “terra do Monte Cara”, e hoje será a vez de contactos com escolas de Lombo Figueira, Porto Novo e Pico da Cruz, na “ilha das montanhas”. O programa termina com uma actividade amanhã com internos do centro de acolhimento do ICCA, na cidade do Mindelo.
Estas intervenções, segundo Bruno Ferreira, responsável da IGT em S. Vicente, estão inseridas na celebração do Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, estabelecido pela ONU para 12 de junho. Este ano, as actividades decorrem sob o lema “Agir já – Acabar com o trabalho infantil”, tendo as Nações Unidas determinado que 2021 será o ano internacional para a irradicação desse tipo de trabalho.
“Claro que se trata de uma utopia acabar com o trabalho infantil no mundo, mas há que agir para se minimizar esse problema”, comenta Bruno Ferreira. Este inspector lembra que Cabo Verde tem uma lista de trabalhos infantis e que inclui as “piores formas” do exercício dessa actividade pelos menores.
“Todos sabemos que no mundo rural há crianças que são usadas nas sementeiras, a ponto de ficarem sem ir às aulas durante uma semana. Mas há também crianças que rolam tambores em pontos de comércio, como Sucupira, e que já fazem isso como se fosse um emprego normal”, elenca Ferreira. Este diz que em São Vicente e Santo Antão as crianças são fundamentalmente usadas nos chamados “trabalhos domésticos” e na sementeira.
Estas foram algumas das informações trocadas com os alunos abordados pelos técnicos da IGT e do ICCA. O objectivo é sensibiliza-las para a problemática do trabalho infantil e tentar eliminar essa realidade das ilhas.