Um grupo de mindelenses salvou a tradicional Boas Festas do dia 1 de janeiro, com a anunciada ausência da Banda Municipal de S. Vicente das ruas do Mindelo pelo segundo ano consecutivo. Músicos como Mick Lima, Adriano, José Graça e Diego juntaram instrumentos e fôlego e percorreram o centro da cidade do Mindelo das nove horas ao meio-dia com música alegre, acompanhados por dezenas de pessoas que ainda estavam a celebrar a entrada do ano novo na Praça Nova. O cortejo partiu deste ponto e parou na casa da Dona Luíza Morazzo e em frente ao hospital Baptista de Sousa para desejar aos doentes internados uma rápida recuperação.
Este foi, aliás, um momento emocionante: alguns internados apareceram no terraço do estabelecimento e receberam uma onda de energia dos presentes. “Estar aqui em frente ao hospital e ver essas pessoas felizes com este simples gesto é marcante. Ainda bem que saímos com esta banda”, exprimiu a artista Fatú Djakité, para quem um dos elementos mais marcantes do Fim de Ano em S. Vicente é a saída da banda municipal, uma tradição que, na opinião dela, tem de continuar viva.
A mesma visão tem António Tavares, director do Centro Nacional de Artesanato do Mindelo, mas que incentiva os cidadãos a assumirem iniciativas, como esta realizada hoje. Entende que, se a tradição estiver em causa, a sociedade civil deve assumir esforços para resgatá-la. No entanto, acha que a Banda Municipal deve voltar e com melhorias.
Para Mick Lima, essa iniciativa serviu para se colocar o “dedo na ferida”. Salienta que desde o ano passado que a ideia vem sendo cozinhada devido a ausência da banda nas ruas do Mindelo. Para se evitar mais um vazio, diz,um grupo de amigos tomou essa iniciativa. Na sua perspectiva, a Banda precisa regressar.
O saxofonista José Graça deu nota positiva para esse momento de boas festas. “No geral, as coisas correram bem, quisemos dar o nosso contributo para manter essa tradição e penso que as pessoas ficaram satisfeitas”, comentou o músico, que almeja o regresso da banda no próximo ano. Ele que, enquanto munícepe, gostaria de saber o que está por trás dessa situação.
A iniciativa desse encontro de músicos no dia 1 de janeiro partiu de Patrícia “Ticha” Karantonis, uma das principais amantes e apoiantes da Banda Municipal de S. Vicente. Ela que religiosamente acompanha os músicos quando saíam logo pela manhã com os instrumentos de sopro pelo centro do Mindelo, um instante sempre aguardado pelos festeiros. Ticha confirma que a ideia começou a ser germinada no ano passado e contou com o envolvimento de Carlos “Kala” Graça na mobilização e organização.
Regressando à noite de S. Silvestre, a Cidade do Mindelo foi iluminada durante 20 minutos por uma “chuva” de fogos de artifício, que deliciou as pessoas concentradas na Avenida Marginal. Como já é habitual, o pontapé de saída do ano 2024 e a entrada em cena de 2025 foi dado pelos barcos ancorados na Baía do Porto Grande, que justamente à meia-noite arrancaram o aguardado “Pite na Baia”.
A festa continuou na Rua de Lisboa, onde milhares de pessoas foram agraciadas com as actuações de artistas como Ceusany, Mirri Lobo, Gay, Edson Oliveira, Loony Jhonson, Wet Bed Gang e Deejay Teelio até ao nascer do sol. Foi o cair do pano após 4 dias de espectáculos no centro do Mindelo, um marco inédito que dividiu opiniões em S. Vicente.