Dezoito crianças do Centro de Dia de Monte Sossego foram envolvidas na campanha rodoviária de prevenção ao uso abusivo de bebidas alcoólicas, que foi levada hoje ao terreno em S. Vicente com o envolvimento da fundação Menos Álcool, Mais Vida e a Polícia Nacional. Durante uma hora, 15 efectivos da PN e 4 colaboradores da organização e o referido grupo de crianças estiveram activos em cinco vias de circulação na cidade do Mindelo com abordagens directas aos condutores. Segundo Péricles Santos, a operação visou assinalar o nono aniversário da fundação, sendo uma actividade que faz sempre parte dos planos de actividades.
“Tendo os condutores consciência ou não dos riscos da condução sob efeito de álcool, lançamos essa operação para fazermos a nossa parte, que é reforçar as medidas de sensibilização sobre esta matéria”, salienta Péricles Santos. Segundo este embaixador da fundação em S. Vicente, nunca é demais lembrar a máxima “se conduz, não beba; se beber, não conduza”.
Mesmo sem dispor de dados estatísticos sobre os acidentes causados pelo uso de bebidas alcoólicas, Péricles Santos enfatiza que existe uma apreciação preocupante em relação a este ponto. “Quando ocorre um acidente, principalmente aos fins-de-semana, normalmente tendemos a associar o caso à ingestão abusiva de álcool, apesar de sabermos que não é o único factor”, comenta.
Durante a operação, os envolvidos distribuíram panfletos, calendários e fitas coloridas e permitiram que as mensagens de sensibilização fossem repassadas pelas crianças. Isto porque milhares de crianças circulam nas estradas de S. Vicente e muitas vezes têm um maior poder de influência nesse tipo de assunto.
Mais uma vez a Polícia Nacional foi mobilizada, enquanto parceira da fundação. Para Maurino Neves, a campanha, que visou assinalar o dia 1 de julho – dedicado à luta nacional contra o uso abusivo do álcool – caiu num momento oportuno. Isto tendo em conta a problemática prevalecente da ingestão exagerada de bebidas alcoólicas por condutores.
“Os dados estatísticos que dispomos não apontam para uma elevada taxa do uso abusivo do álcool como causa principal dos acidentes. Isto acontece porque, tendo em conta a gravidade dos casos, damos prioridade ao transporte dos acidentados para o hospital. Assim sendo, não nos é possível fazer o teste do grau de álcool no sangue no momento do acidente”, explica o oficial da PN. Nesses casos, acrescenta, a Polícia acaba por apontar outras causas, como, por exemplo, manobras perigosas ou excesso de velocidade. Mesmo assim, diz, existe a forte percepção de que o consumo de álcool tenha uma forte influência nos acidentes rodoviários na ilha de S. Vicente.
Um dado que pode corroborar essa ideia é o facto de muitos desastres acontecerem exatamente aos fins-de-semana, altura mais propícia para noitadas e a ingestão de bebidas alcoólicas. O Chefe de Esquadra do Comando da PN salienta que a Polícia tem tido o cuidado de reforçar a vigilância das estradas de acesso ao interior da ilha, mesmo assim acontecem acidentes.
“São situações que não dependem da nossa fiscalização. Os condutores têm de ter a consciência de que a condução é incompatível com o consumo de álcool”, frisa o oficial da PN, lembrando que, conforme a lei, uma pessoa é considerada sob efeito de álcool a partir de 0,5 gramas por litro. De 0,5 até 1,9 gramas/litro o caso é considerado contraordenação e o infrator alvo de uma coima de 25 mil escudos. A partir de 1,20 gr/litro a ocorrência já é enquadrada como crime e permite a detenção e envio do processo para a alçada do Ministério Público.
