Pub.
Escolha do EditorSocial

Falta pasto e ração em S. Nicolau: Criadores pedem socorro

Pub.

Os criadores de gado de São Nicolau queixam-se de estar a enfrentar a pior crise de sempre devido a falta de pasto para os animais. É que no ano passado, dizem, apesar da falta de chuva, nesta altura estavam na posse dos cheques disponibilizados pelo ministério do Agricultura e Ambiente para ajudar na compra de ração. Este ano, sem pasto e sem ração, o gado está a morrer a míngua no campo. A agravar ainda mais a situação, os poucos animais sobreviventes são atacados e mortos por cães vadios. 

Segundo Josefa Rodrigues, há três anos que os criadores da ilha de S. Nicolau lutam para salvar o seu gado de morrer de fome, uma situação que foi mitigada até certo ponto em 2019, com a distribuição de cheques para a compra de ração. O problema é que este ano os criadores ainda não receberam esta ajuda do Governo e falta ração para venda na ilha. 

Publicidade

“Na localidade de Praia Branca, a situação é muito mais difícil porque não há pasto e nem ração para venda. Por causa disso, tive de trazer para casa uma vaca, um bezerro e 20 cabeças de carneiro. Já as cabras optei por as largar no campo. Não tenho alternativa. Compro semanalmente um saco de milho moído para alimentar estes animais por 2.100 escudos, mas é insuficiente. Mas a situação está muito complicada”, desabafa esta criadora.

Junta-se a falta de pasto os ataques frequentes de cães que, segundo  Josefa Rodrigues, estão a dizimar o gado no campo.  “Até agora, pelas minhas contas, já perdi 20 carneiros, entre grande e pequenos, e mais de 40 cabras. Neste momento sequer sei quantas cabras tenho no campo porque não sei exactamente quantos foram mortos nos ataques e quantos morreram de fome. Sou uma pessoa que vive exclusivamente da criação de gado.”

Publicidade

Apesar de ter beneficiado de um financiamento para construir um grande curral, Josefa Rodrigues explica que optou por fazer um compasso de espera para ver como a situação vai evoluir por medo de perder tudo. O mais grave, afirma, é que foram abandonados pelo ministério da Agricultura. “Encontrei com o delegado do MAA apenas uma vez, durante uma formação ministrada em 2019. Desde então tenho tentado falar com o delegado, sem sucesso. Nem mesmo por causa das mortes conseguimos”, acrescenta. 

Queixas similares são feitas por José “Zeca” Soares, que reclama estar também seriamente afectado, sobretudo pela falta de pasto. “Estamos há muito tempo sem ração em S. Nicolau. Não há nem para venda. Todos os dias vou até ao porto para ver se chegou de S. Vicente, e nada. Por causa disso, já perdi muito do meu gado, que morreu a mingua. O problema é que até agora nem a Camara e nem o Governo procuram os criadores. O desconforto está nos rostos das pessoas. É desolador.

Publicidade

O Mindelinsite confrontou o delegado do MAA na ilha, mas este optou por não se pronunciar sobre a situação alegando estar de férias. Entretanto prometeu enviar o contacto do seu substituto, o que não aconteceu. A falta de pasto em S. Nicolau, refira-se, é uma situação recorrente e já deu azo a criticas por parte da oposição, que lançou um ultimato ao Governo. Para estes eleitos nacionais, não há duvidas de que a ilha está mais pobre. 

Constânça de Pina

Mostrar mais

Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

Artigos relacionados

2 Comentários

  1. Mandem as vossas cabeças de gado para o interior de Santiago e vão ver que ali, elas irão receber uma atenção e um cuidado de primeira.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo