Faleceu na cidade do Porto Novo a paciente Albertina dos Reis, que foi evacuada em 2022 para Portugal para tratamento a um cancro no útero e que criticou a Junta de Saúde por ter alegadamente negado conceder-lhe a possibilidade de ser acompanhada pelo marido. Segundo Adilson dos Reis, a irmã morreu ontem por volta das 6 horas da manhã na sua casa, um mês após regressar à ilha de Santo Antão, a seu pedido, para passar os últimos momentos de vida.
“Ela foi enviada para Cabo Verde no mês de outubro praticamente sem possibilidade de sobrevivência. Esteve alguns dias internada no hospital de S. Vicente, mas depois pediu para vir para a sua casa, em Porto Novo”, conta o irmão, que descreve a malograda como uma pessoa ímpar, que adorava ajudar o próximo. Adilson dos Reis acrescenta que essa paciente foi evacuada para Portugal e passou os primeiros tempos sozinha numa casa. Sofreu alguns desmaios e acabou sendo transferida para um lar hospitalar onde tinha assistência.
“Ela fez a primeira fase do tratamento e deveria regressar três meses depois para os médicos verem a evolução da doença. Foi para Itália, onde tem uma filha, mas um mês depois as dores regressaram com intensidade e ela teve que voltar para Portugal”, descreve Adilson dos Reis. Conforme o seu relato, os médicos constataram que o estado do cancro piorou e que já não havia hipóteses de cura.
Albertina dos Reis, 40 anos de idade feitos em maio deste ano, enfrentou dificuldades impensáveis, nas palavras de uma amiga. “Ela sofreu demais. Tinha tanta dor que nem a morfina conseguia fazer mais efeito”, comenta esta fonte, que se mostra revoltada pelo facto de a paciente ter sido enviada para Portugal sem um único acompanhante, quando o seu estado de saúde era preocupante.
Durante o tempo de tratamento em Portugal, Albertina dos Reis, 40 anos, fez quimioterapia, sessões que, segundo esta fonte, a levaram a um elevado estado de sofrimento. “Na minha vida nunca vi uma mulher tão guerreira. Apesar daquilo por que passava, e era evidente, mantinha um estado de espírito elevado e falava da sua situação”, realça.
Esta fonte acrescenta que Albertina dos Reis enfrentou ainda sérias dificuldades em encontrar e manter uma residência, muito por causa da política do INPS. Explica que ela chegou a perder o apartamento onde foi alojada quando foi internada no hospital. Isto porque, diz, o Instituto deixou de lhe dar o subsídio de alojamento, o que, para ela, é inaceitável.
Albertina dos Reis chegou a relatar a sua indignação numa entrevista concedida ao Mindelinsite. Ontem deu o último suspiro e será enterrada na sua cidade do Porto Novo hoje à tarde, a partir das 16 horas.