O Delegado do Ministério do Ambiente em Santo Antão nega que a empresa responsável pela limpeza da floresta do Planalto Leste esteja a fazer um “abate excessivo” dos pinheiros e de outras árvores nessa zona, como denunciou neste jornal a associação ambientalista Fundamental-SA. Orlando Delgado diz estranhar o motivo que levou essa organização a agir nesses moldes – nomeadamente ilustrando o artigo com imagens de pinheiros queimados nas Canárias – para criticar o retiro das plantas mortas na sequência do incêndio ocorrido em julho de 2018. Este lembra que as chamas foram intensas e chegaram a queimar a copa de vários pinheiros e outras árvores, que acabaram por morrer.
Pelos cálculos feitos, adianta, o incêndio consumiu 200 hectares dessa floresta constituída essencialmente por pinheiros e apontavam para a morte de pelo menos 30 por cento das plantas da área atingida. “É verdade que o incêndio teve fases diferentes, pois o lume chegou a atingir a copa e matar parte das árvores, enquanto noutras o lume ficou apenas pela base dos pinheiros. Os cálculos apontaram para a morte de 30 por cento das arvores atingidas e isso veio praticamente a ser confirmada”, revela Delgado.
A limpeza das plantas mortas na floresta, explica, implicou a abertura de um concurso público com financiamento do Fundo do Ambiente, cujo vencedor foi a empresa Alex Construções. A função foi basicamente cortar, retirar da floresta as árvores mortas indicadas por um guarda florestal e um técnico do Ministério da Agricultura e Ambiente e entregar os desperdícios aos armazéns do MAA.
Com base no concurso, a empresa terá de limpar uma área de 17 hectares. “A empresa ganha por hectare limpa. Isto significa que ganha o mesmo valor se cortar 20 ou 30 árvores. Ora, como é óbvio não terá razão para cortar mais do que aquelas que forem indicadas pelo ministério”, afiança Delgado, que se mostra satisfeito com o trabalho feito ate agora pela empresa. Volta a frisar que a Alex Construções só corta as árvores indicadas pelo ministério.
Esta informação foi confirmada por Víctor Neves e Alex Oliveira, os responsáveis pela referida empresa. Realçam que foram contratados para limpar 17 hectares da floresta queimada e que já concluiram o trabalho em doze hectares. “Estamos a cortar apenas as árvores irrecuperáveis e até o momento o ministério ja plantou mais pinheiros e plantas endémicas em comparação com as retiradas”, adiantam em conversa com o Mindelinsite.
Há dois meses que a empresa está a proceder à limpeza dessa mata – para evitar um novo incêndio na floresta – e espera concluir o trabalho em 3 meses, tal como ficou acordado na proposta enviada ao MAA.
Relembre-se que a associação ambientalista Fundamental mostrou-se preocupada com o abate “intensivo” dos pinheiros na floresta e realçou que o trabalho estava a ser executado por uma empresa sem experiencia. Victor Neves estranhou essa critica e deixou escapar que só a politiquice pode justificar esse comportamento.