A delegada do ministério da Educação em S. Vicente apelou esta manhã aos pais e encarregados de educação para contribuirem monetariamente para garantir a continuidade do projeto “Do campo à escola”, que possibilita o abastecimento das cantinas escolares do ensino básico com frutos e legumes frescos produzidos em S. Vicente e Santo Antão. Segundo Maria Helena Andrade, a iniciativa tem financiamento assegurado até o mês de outubro pelo Secretariado Nacional da Segurança Alimentar e o Ministério da Agricultura e Ambiente, ou seja final do presente ano lectivo, pelo que urge encontrar outras fontes e evitar que o projecto venha a desaparecer.
O valor, adianta a referida delegada, poderia ser a partir dos cinquenta escudos mensais, o que daria um total de 500 escudos por ano lectivo. Maria Helena Andrade enfatiza que antes os pais contribuíam com 100 escudos/mês, mas agora esse montante ficou pela metade. Para Helena Andrade, a continuidade do projecto é crucial pelo facto de permitir a confecção de pratos à base de alimentos saudáveis, frescos e feitos mediante indicações de uma nutricionista. Logo, afirma, os benefícios para os alunos são evidentes tanto na sua saúde como na própria produtividade.
O projecto, que tem sido implementado pelo Ministério da Educação, começou em 2015. Chegou a sofrer uma paragem, mas foi repensado em janeiro deste ano e retomado em força no período abril/maio. “Consiste em disponibilizar às escolas produtos agrícolas produzidos localmente, como banana, beterraba, tamarindo, batata, cenoura, couve, mediante um processo selectivo e acompanhamento de uma nutricionais”, explica Helena Andrade. Até o final do ano serão fornecidos 4.006 quilos de produtos frescos vindos directamente de propriedades agrícolas em S. Vicente e Santo Antão.
Além de contribuir para a segurança alimentar nas escolas, o projecto, que conta com apoio técnico do CERAI (Centro de Estudos Rurais e de Agricultura Internacional), tem por objectivo ajudar os produtores agrícolas, além de incentivar o consumo de produtos nacionais. Para o efeito, os produtores tiveram que criar uma rede – denominada REPAL – integrada por 50 profissionais do campo, sendo 11 mulheres.
O projecto tem dois públicos-alvo: o primeiro, a rede de produtores agropecuários, o segundo as 32 escolas do ensino básico da ilhade S. Vicente, que comportam 7.901 alunos do primeiro ao sexto ano.
Graças a esta iniciativa, assegura Helena Andrade, as escolas reduziram os custos com a compra de produtos nos mercados e enriqueceram a dieta alimentar dos alunos. A delegada assegura que todo o processo de recolha dos produtos, lavagem, armazenamento, conservação e uso segue regras estabelecidas, que envolvem tanto os produtores como o pessoal dos armazéns das escolas abrangidas e cozinheiras.
Segundo Manuel Fortes, este projecto tem agradado sobremaneira aos agricultores, pelo simples facto de lhes garantir a venda dos seus produtos e um encaixe seguro, que lhes permite planificar os seus rendimentos e gastos. Com dois meses de abastecimentos já efectuados, diz o representante da rede REPAL, os colegas mostram-se satisfeitos com o resultado.
Antes, explica Fortes, os agricultores eram obrigados a vender os seus produtos ao desbarato e ver revendedores tirando proveito económico, colocando-os no mercado a um preço superior a 150 por cento. Agora, diz, as coisas mudaram de figura, pois os produtores já podem vender as suas mercadorias a um preço justo e até conseguir algum lucro.