O gafanhoto de Monte Gordo, insecto considerado extinto, foi redescoberto na ilha de São Nicolau e classificado, por um estudo científico publicado no Journal of Orthoptera Research no dia 24 de abril, como “um fóssil vivo endémico do arquipélago”. A notícia foi lançada pela RTP, segundo a qual esse trabalho – executado por Rob Felix, Annelies Jacobs e Michel Lecoq – revelou novos detalhes sobre a espécie de gafanhoto que só existe em Cabo Verde.
Entre outros aspetos, o artigo “descreve a fêmea, pela primeira vez, examina as características do habitat e o impacto da atividade humana e propõe um estatuto na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN)”. O estudo “enfatiza a necessidade de mais investigação sobre esta espécie resiliente, mas ameaçada”.
O animal, que ao longe parece igual a outros da espécie, distingue-se por uma elevação maior que o habitual no equivalente ao dorso, fruto da adaptação ao ambiente das ilhas, tornando-o único. Separar amostras destes gafanhotos “revelou-se bastante complicado, devido a dificuldade em perfurá-los com um alfinete”, sugerindo um “exoesqueleto reforçado”, adaptado para poder reter mais água ou oferecer maior resiliência, escrevem os autores.
A espécie “não está relacionada com as suas congéneres africanas conhecidas, o que sugere um longo isolamento evolutivo”. “A sua limitada capacidade de dispersão”, atribuída às asas curtas, “corrobora a hipótese de que colonizou o arquipélago durante os períodos glaciares, com níveis do mar mais baixos e distâncias reduzidas entre as ilhas e o continente”.
A história evolutiva deste gafanhoto é comum a outros seres vivos que fizeram do arquipélago de Cabo Verde o seu lar. Em março, um outro grupo de cientistas indicou que um tipo de tamareira que se supõe já só existir em Cabo Verde pode ajudar árvores semelhantes a adaptarem-se às mudanças climáticas e a outros problemas.
C/RTP.pt