O julgamento dos suspeitos do assalto à mão armada ao empresário José “Djoff” Spencer no ano passado junto a Caixa Económica de Fonte Cônego teve o seu início no Tribunal de S. Vicente, mas foi suspenso na fase das alegações finais devido a chuva torrencial da noite de 11 de agosto. Conforme apurou o Mindelinsite, o edifício sofreu também com a enxurrada, que afectou o seu normal funcionamento.
Quatro arguidos foram sentados no banco dos réus acusados de agir em grupo no cometimento do roubo no dia 1 de abril de 2024 e ainda uma mulher em cuja casa foi encontrado produto estupefaciente e que responde pelo crime de consumo de droga. Dois dos suspeitos masculinos são naturais de S. Vicente e os restantes da ilha de Santiago, mas o principal visado é um indivíduo que foi preso na cidade da Praia pela Polícia Nacional como suposto autor de dois disparos que atingiram a vítima numa perna durante o violento assalto. No tocante a mulher, ela é esposa de um dos arguidos e, segundo o jurista Armindo Gomes, as autoridades encontraram na sua residência uma certa quantidade de estupefaciente e ela acabou sendo arrolada no processo. Porém, na sua opinião, a visada nada tem a ver com o caso em si. Entende que deveria, sim, ser julgada por posse de droga para consumo num outro expediente judicial.
Informações avançadas ao Mindelinsite pelo referido jurista, que é advogado de dois dos suspeitos, indicam que todos os arguidos já foram ouvidos e alegaram inocência. Na sua visão, a audiência ainda não produziu provas contra os acusados e salienta que o processo está ferido de irregularidades. Assegura, aliás, que o prazo da prisão preventiva já foi ultrapassado e que vai, por isso, meter um habeas corpus para a soltura imediata dos dois envolvidos que representa. “Os meus clientes chegaram a solicitar uma audiência contraditória preliminar, que foi realizada, mas a juíza entendeu que deveriam ser submetidos a julgamento. No entanto, alegam inocência e isto está claro nas audiências realizadas até então”, considera.
Armindo Gomes acrescenta que o principal visado do processo, um homem preso na ilha de Santiago como o suposto autor dos disparos contra o gerente de dois postos de combustíveis da Shell, afirma, por seu lado, que foi confundido com outra pessoa. O certo é que os quatro homens estão a ser julgados como cúmplices. A acusação aponta que prepararam o golpe em concertação. O julgamento vai entrar na fase das alegações finais, que ficaram agendadas para a próxima terça-feira.
Recorde-se que José Mota Spencer, mais conhecido por Djoff, foi alvo de um violento assalto à mão armada em abril do ano passado quando se preparava para depositar o dinheiro da venda realizada nos postos de combustíveis da Rotunda da Ribeira Bote e da Rua do Coco. Foi abordado nas proximidades da agência da Caixa Económica em Fonte Cônego e assaltado por um meliante assim que saiu do carro. Durante o roubo, cometido por voltas das 15 horas, foi atingido por dois disparos numa perna, tendo um dos autores levado uma mala contendo mais de 2 mil contos, conforme foi noticiado na altura.
Na sequência do crime, a PJ desencadeou uma operação juntamente com a PN e os Serviços Penitenciários, que resultou na prisão de três suspeitos cinco dias depois. Um quarto elemento, conforme as autoridades, conseguiu fugir da ilha de S. Vicente, mas foi pego 20 dias depois em Santa Cruz, na ilha de Santiago. No momento da detenção, consumada com base num mandado do Ministério Público, estava na posse de uma arma de fogo como relataram as autoridades.
