O artista plástico João “Boss” Brito ficou indignado com a decisão do Ministério Público de arquivar a investigação sobre o furto do seu telemóvel Iphone 10, ocorrido no dia 26 de fevereiro durante a entrega dos prémios do Carnaval 2020. Segundo Boss, a Procuradoria da Comarca de S. Vicente tomou essa decisão quando havia um suspeito muito bem identificado e sem ouvir as testemunhas elencadas, pelo que, a seu ver, o caso foi mal conduzido e encerrado apenas para aumentar as estatísticas do MP.
“A pessoa que roubou o meu telemóvel foi vista perto de mim no dia da entrega dos prémios do Carnaval, quando esse indivíduo sequer deveria estar nessa zona. Aproveitou o momento em que fui cumprimentar o Jailson Juff pelo segundo lugar conseguido pelo Cruzeiros do Norte e retirou o aparelho do meu bolso”, conta o artista.
Boss acrescenta que deu por falta de imediato do telemóvel e acionou agentes da Policia Nacional que estavam no local. O aparelho foi logo rastreado por GPS e indicou que estava pelos lados da Rua de Matijim, perto da Rua da Praia dos Botes. Acompanhado dos agentes e do sobrinho Valdir Brito, diz Boss, encontrou o suspeito nessa zona, o que para ele não é mera coincidência.
“O GPS do telemóvel dá uma margem de erro de 3 metros, por isso indicava que o aparelho estava dentro de uma garagem”, prossegue João Brito, que voltou no dia seguinte à Rua de Matijim e foi abordado por um homem que lhe pediu um determinado montante para ir buscar o seu telemóvel. “Neguei obviamente compactuar com essa prática. E ele sabia que era o meu telemóvel porque ele disse logo que o aparelho era branco. Como ele poderia saber desse detalhe se o telemóvel estava numa capa?”, revela.
O suspeito foi ouvido pela Polícia Nacional, mas negou a autoria do crime. Sem a sua confissão, sem testemunhas e sem a apreensão do telemóvel – que nunca mais foi activado -, entende o MP no seu despacho de arquivamento que fica difícil descobrir o autor do crime. “A instrução deste processo vem decorrendo há já algum tempo e não se vislumbra possível a realização de quaisquer outras diligências susceptiveis de esclarecer os factos, isto é, não se conseguiu apurar para além das diligências efectuadas quem foi o autor dos factos descritos na queixa”, explana a Procuradoria da República, que decidiu encerrar o caso, sem prejuízo da reabertura do processo se surgirem novos elementos de prova.
Inconformado com a decisão, Boss adianta que aqui não está em causa apenas o valor do telemóvel, que comprou por 55 contos. No equipamento estavam imagens que vinha captando para realizar um documentário sobre o Carnaval e participar num concurso internacional. Perdido esse conteúdo, diz, o projecto ficou em causa.
Segundo Boss, há anos que vinham preparando a ideia e decidiu comprar o Iphone 10 pelas suas especificações técnicas. Pediu ajuda a dois amigos, que captaram várias imagens nos bastidores do Carnaval e que seriam usadas no filme. “Se formos falar do valor real em causa poderemos estar a apontar para 5 mil contos”, reclama o artista, para quem havia todas as evidências sobre o autor do furto.