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Bombeiros da Praia pedem desculpas e depositam coroa de flores na campa de Idalina Relva

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A Corporação dos Bombeiros da Praia pediu desculpas e depositou um ramalhete de flores na campa de Idalina Relvas para se redimir pela forma como se realizou o funeral da falecida e o tratamento dado aos familiares. Esta singela homenagem foi classifica pelo Comandante Celestino Afonso como um “gesto de devoção e respeito”. As desculpas foram aceitas pelos familiares da malograda, que dizem esperar que situação similar não se repeta, principalmente porque as pessoas estão muito fragilizadas. 

Em nota, Celestino Afonso garante que os problemas que ocorreram no Cemitério  da Várzea no passado dia 31 de julho nada tinham a ver com a família de Idalina, vítima de cancro. Este revela que, desde o inicio da pandemia, a Corporação dos Bombeiros da Praia tem vindo a colaborar com as autoridades de saúde no transporte de pessoas testadas positivas por covid-19, no município, para os hospitais de campanha, pessoas recuperadas, assistência, translado e enterro de vítimas mortais, confirmadas ou suspeitas de infecção pelo novo coronavírus. 

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“Não sendo, causa da morte, caso confirmado ou suspeito de covid-19, sempre informado pelas autoridades de saúde, os Bombeiros Municipais da Praia não participariam em qualquer processo ou ato de enterro pois, em situações normais, este não constituiria e nem constitui suas atribuições”, relata o Comandante, realçando que, momentos antes do enterro da Idalina, havia um outro funeral, de um caso confirmado de covid-19. 

A volta desse sepultamento, diz, havia muito tumulto, motivado pela comunicação posterior do resultado do teste positivo, após os preparativos e velório em casa, expondo os restantes familiares. Perante à ameaça à integridade física dos bombeiros foi accionada a Policia. Infelizmente, logo de seguida chegou o cortejo de Idalina. Por causa da tensão no local, não foi permitido a entrada de todos os familiares, o que gerou indignação e esteve na origem da contestação. Celestino garante que, se não fosse a situação anterior, nada impediria esta família de entrar no cemitério. 

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Este nega, no entanto, a acusação de que os bombeiros ligaram a sirene. Diz que utilizaram apenas o sinal luminoso rotativo e, em momento algum, trafegaram pela via de sentido proibido para chegar o quanto antes ao cemitério, realçando que não seria possível tal prática uma vez que utilizaram a rampa atrás do hospital, av. Combatentes Liberdade da Pátria, av. Cidade de Lisboa, rua contígua ao Palácio do Governo e Cemitério.

A Corporação dos Bombeiros, como entidade defensora dos valores intrínsecos da dignidade da vida humana e pela missão nobre que lhe assiste e representa não constitui intenção sua, promover deliberadamente e, de forma gratuita tais atrocidades, passíveis ao agravamento da dor, num momento tão delicado, resultante da perda de um ente querido”, pontua.

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Família presente em homenagem

O filho Gilson Maocha confirma que a família presente durante esta homenagem a Idalina, que resultou de um encontro formal na sede dos Bombeiros, após ter sido bloqueado o seu acesso ao cemitério. Na reunião, explica, foi dito ao Comandante que, caso não fosse feito um pedido publico de desculpas pela exposição da família, o caso iria para o Tribunal. “Tiveram um tempo para reflectir e decidiram ir depositar a coroa de flores e pediram desculpas à família. Era este o desejo da família e evitar que situação do género se repita no futuro. Ficamos satisfeito porque houve um reconhecimento do erro. Fomos privados do nosso direito”.

Maocha diz entender a revolta dos familiares da mulher de 88 anos que foi sepultada antes da mãe porque, afirma, também foram privados do direito de enterrar a sua ente querida. “A família desconhecia que esta tinha falecido em decorrência da covid-19. A confirmação vai mais tarde. No nosso caso pediram desculpas e não queremos continuar esta batalha. Toda a nossa revolta era devido a falta de humanidade no funeral da nossa mãe. O facto de reconhecerem publicamente o erro e de ter vindo a publico garantir que estas situações não voltam a repetir é suficiente”.

Este termina deixando um apelo às pessoas para lutarem por seus direitos sempre, desde que a razão esteja do seu lado porque vão ganhar, sem medo de qualquer tipo de retaliação. “Ter coragem não significa que é fácil.”

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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