O emigrante Arlindo Rocha recorreu a plataformas de Inteligência Artificial para gerar uma música de contestação ao Governo cabo-verdiano, tendo por base um artigo de opinião publicado no Mindelinsite, no qual critica a ausência de ligações aéreas entre Cabo Verde e Brasil desde 2020. Residente no Brasil, este professor usou a ferramenta digital DeepSeek para extrair a letra e depois o programa EasyMusic para “compor” a melodia “Vozes sufocadas”, cantada em brasileiro.
O resultado, confessa, foi agradavelmente positivo. “Para mim, esta música é uma forma lúdica de elevar o grau de reivindicação enquanto cabo-verdiano residente no Brasil e que luta por uma causa social justa, que é querer ver o Governo cumprindo as muitas promessas de reativar a conexão entre Cabo Verde e Brasil. Quem reside cá quer ir visitar os familiares em Cabo Verde, e vice-versa”, explica Arlindo Rocha, para quem é incompreensível a ausência de ligação tanto aérea quanto marítima entre os dois países.
A música tem sido partilhada por Arlindo Rocha nalgumas redes sociais, gerando reações diversas. Há quem tenha aplaudido a iniciativa, mas também pessoas que ficaram chateadas e chegaram a proferir ameaças. Neste último caso, diz, incluem fundamentalmente pessoas ligadas ao poder e ao MpD, partido que sustenta o Executivo.
Para ele, o importante é difundir a mensagem. Como diz, é mais fácil uma pessoa ouvir uma música de 2 minutos do que passar 10 minutos lendo um artigo, além de que todos os cabo-verdianos, diz, adoram escutar uma boa melodia.
“Todo este processo de produção da música não mistério e nenhuma excelência da minha parte. O meu único esforço foi ter escrito o texto publicado no Mindelinsite. O resto é trabalho da inteligência artificial, uma área que tem suscitado o meu interesse”, esclarece Arlindo Rocha, que já “produziu” outras duas músicas com o mesmo sistema.
Este docente e autor de um manual de Filosofia tem estado nos últimos tempos a denunciar a ausência de voos entre Cabo Verde e Brasil, mercado este explorado pela TAP, mas ainda não obteve esclarecimentos de nenhuma entidade pública e tão pouco da TACV.