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Após impasse, artesãos e CMSV voltam a reunir-se hoje para discutir projeto do Quintal das Artes

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Após impasse na reunião entre os artesãos do Quintal das Artes e a Câmara Municipal de São Vicente, realizada na tarde de ontem e que se prolongou por mais de duas horas, as partes voltam a reunir-se às 9 horas de hoje. Os artistas continuam irredutíveis e dizem que, enquanto a edilidade não lhes apresentar o projecto de reabilitação do espaço, com melhorias para todos os ocupantes, os portões vão continuar encerrados, ou seja, as obras não vão avançar.

Esta informação foi avançada ao Mindelinsite pelo presidente da Associação dos Artistas do Quintal das Artes, criada especialmente para defender os interesses do grupo, formado por 15 artesãos, que labutam no espaço. Alcindo Vasconcelos explica que, durante o encontro, a CMSV, representada pelos vereadores Carla Monteiro e José Carlos da Luz, acompanhados de um advogado e da Polícia Municipal, nunca se disponibilizou para apresentar o projecto que pretende implementar no Quintal das Artes.  

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Exigimos que nos fosse apresentado o projeto do assentamento do mercado de peixe, mas negaram categoricamente. No final, como também nos mantivemos firmes na nossa decisão, decidiram agendar um novo encontro para esta terça-feira, no Quintal das Artes, para nos dar a conhecer e recolher nossas contribuições para o seu melhoramento para se poder iniciar os trabalhos.”

A. Vasconcelos mostra-se surpreso com tanta resistência em partilhar um projecto, sobretudo durante um encontro marcado especificamente para o efeito. “Não estamos a compreender porquê a CMSV não quer nos mostrar o projeto, sendo que foi o acordado desde o princípio. Estiveram presentes no encontro muitas pessoas representando a autarquia, mas nenhuma delas tinha sequer um esboço do projeto em mãos.”

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Segundo o presidente, a CMSV manteve-se firmes na sua posição de não partilhar o projecto. “Repetiram sistematicamente que entendiam a posição dos artesãos e pediam que fossemos mais flexíveis porque todas as partes têm de ceder. Curiosamente, nunca cederam em nada. Nós também decidimos não ceder. Entendemos que só depois de conhecer o projeto poderemos tomar uma decisão consciente.

Questionado sobre a não participação da Associação de Peixeiras no encontro, este afirma que a CMSV considerou desnecessário, alegando que as peixeiras não têm nada a ver com o processo. Alcindo Vasconcelos espera, hoje, uma postura diferente por parte dos representantes da edilidade mindelense, sob pena de o impasse se manter. Enquanto isso, a associação ganha tempo e tenta por outros meios evitar que o seu trabalho seja condicionado. Isto porque, é a própria Câmara a reconhecer, os maiores beneficiários do projecto são as peixeiras. Já os artistas dizem que serão prejudicados no seu trabalho. 

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Peixeiras desconfortáveis

A Associação de Peixeiras de S. Vicente já fez saber que está desconfortável com toda esta polémica. A presidente Eloisa Mota alega que estão por fora da obra que a CMSV pretende fazer no espaço e também não veem com bons olhos misturar pescado e artesanato. “Estamos a sentir-nos desconfortáveis e já solicitamos uma reunião geral, com a CMSV, Banco Mundial e os artesãos para falarmos sobre a situação”, declarou, lembrando que o acordado com o BM é que as peixeiras não iriam deixar o mercado enquanto não fosse construído um reassentamente digno.

Eloisa Mota realça que, quando foi colocada a hipótese de passarem para o Quintal das Artes, disseram que era errado retirar os artesãos para irem ocupar o espaço. “Mas disseram-nos que os artesãos não seriam expulsos, que haveria uma arrumação para acolher toda a gente. Neste momento não sabemos com segurança como a situação se encontra porque não tivemos ainda nenhum encontro com os artesãos. Aliás, estamos a solicitar um encontro geral para que todas as partes fiquem bem informadas do que se passa”, relata. Na sua perspectiva, a venda de peixe poderia passar a ser feita na Torre de Belém, réplica que fica junto ao mercado de peixe. Deste modo, diz, o assunto ficaria resolvido.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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