Três gerações de mulheres reuniram-se hoje na sala de formação da OMCV em S. Vicente para falarem entre si sobre os seus percursos, as conquistas e as lições tiradas dos momentos de insucesso. O encontro, intitulado “Mulheres inspiram mulheres”, visou possibilitar a partilha de experiências de vida, mas também a nível socioprofissional em áreas de formação diversa.
Para o efeito, a OMCV convidou para esse momento mulheres formadas em psicologia, estética, assistente-social, etc. para permitir uma maior diversidade de pontos de vista. “Queremos ouvir como singraram-se e como as suas histórias podem inspirar outras mulheres”, enfatiza Fátima Balbina, para quem esses relatos devem servir para inspirar a própria sociedade. “Hoje em dia há muitas turbulências sociais, muito por causa da perda de valores. Por isso precisamos combater essa tendência com exemplos de sucesso e superação.”
Este é um dos eventos programados pela OMCV para marcar o dia 27 de março, data especial para a organização, que celebra os 44 anos de existência e o dia da mulher cabo-verdiana. Um leque de actividades foi programado para acontecer dentro e fora da sede da organização. Na Praça Dr. Regala, que fica mesmo defronte, foi instalada uma tenda onde vários artistas interpretaram músicas tradicionais para animar o ambiente.
No mesmo espaço decorre uma feira de produtos confecionados por parceiras da OMCV, como é o caso da artesã e costureira Odete Nascimento, que expôs vestuários do seu atelier. Todos os anos, diz, é convidada pela OMCV para participar nos eventos dedicados ao dia 27 de março com uma exposição-venda dos seus produtos, que acabam por ter uma saída interessante.

Sobre o 27 de março, Odete Nascimento, 45 anos, considera que a data simboliza a trajetória de luta da mulher cabo-verdiana. “Somos resilientes, cuidadoras e amorosas e merecemos ser valorizadas e respeitadas particularmente pelos homens”, considera esta empresária, dona do Atelier Netch, sito em Ribeirinha.
Esta mulher confessa que gostaria de ver o homem mais presente como pai pelo papel que desempenha na educação dos filhos, em particular dos meninos. Porém, diz, a realidade aponta para casos em que as mulheres são abandonadas e obrigadas a assumir a educação sozinhas. Um desafio complicado quando, realça, são obrigadas a trabalhar e ficar muito tempo longe do lar.
“Fica difícil para uma mulher educar como gostaria quando é a única educadora e tem de trabalhar para sustentar a família. No caso de uma menina é menos complicado, mas esse desafio é maior no caso dos meninos. Quando chegam na fase da adolescência/juventude fica complicado manter o controlo sobre o que fazem e onde estão”, diz essa mulher.
Na sua opinião, quando o filho cresce sem a presença do pai, e passa mais tempo na rua recebendo outras influências, tende a se enveredar por caminhos sinuosos e aprende também a desrespeitar a mulher. E esquecendo-se que quem lhe trouxe ao mundo foi uma mulher.
Refira-se que a OMCV elaborou um programa comemorativo do mês da mulher que começou no dia 1 de março e termina no dia 4 de abril, em S. Vicente.