Os Oficiais de Justiça fizeram ontem a terceira e última manifestação consecutiva à porta dos tribunais de comarca em Cabo Verde e o próximo passo, segundo o sindicalista Litos Sousa, será preparar uma provável greve a nível nacional. O assunto vai ser discutido por uma comissão e, a acontecer, a paralisação será no mês de julho.
“Ainda não há uma decisão. Vamos discutir este ponto porque a realização de uma greve exige o respeito por aspectos legais e queremos fazer tudo dentro da legalidade”, enfatiza o porta-voz dos oficiais de justiça em S. Vicente. Segundo este delegado sindical, a comissão organizadora da manifestação fez um inquérito interno com uma amostra significativa e os resultados indicaram que 96.8% dos profissionais aderiu aos protestos e 97% manifestou apoio à realização de uma greve. “Isto comprova que a classe está coesa, motivada e que não somos um grupinho, como foi dito no Parlamento”, ironiza Litos Sousa.

A possibilidade da greve é alimentada, conforme esta fonte, pela forma como o Ministério da Justiça reagiu às manifestações realizadas nas diversas ilhas. Segundo Litos Sousa, a ministra Joana Rosa optou pelo silêncio, postura entendida pela classe como falta de respeito. Esta atitude, reforça, acabou por dar mais gás e motivação à classe, que, recorde-se, exige a atualização dos Estatutos, além da resolução de um conjunto de pendências, desde a atribuição de subsídio de risco e de exclusividade, direito a porte de arma e atualização salarial.
Questionado sobre o nível de adesão dos colegas em S. Vicente às manifestações, Litos Sousa afirma que houve uma presença “muito satisfatória”. Especifica que na semana passada tiveram a presença de quase 90% dos profissionais afectos às Secretarias Judiciais e do Ministério Público. Esclarece que alguns colegas tiveram, no entanto, dificuldades em participar devido ao horário de saída do trabalho.