Tem 24 anos, é fotógrafo profissional e Natykilla é o seu nome de guerra. O motivo? O facto de ser um fã incondicional do artista Elji Beatzkilla desde criança. Foram os colegas de escola que lhe cunharam a alcunha, que ele usa com orgulho. Hoje, os dois são amigos, mas Nataniel Fortes tem ainda um grande propósito em mente: fotografar o seu ídolo em palco. “Ainda ele não sabe, mas tenho esse desejo. Deixo as coisas rolarem com tranquilidade”, diz o jovem.
Natykilla é um dos expoentes da nova geração de fotógrafos cabo-verdianos, em específico na ilha de S. Vicente. Com apenas cinco anos no metier, destaca-se pela qualidade das suas capturas, com o casamento das tonalidades de luz, o contraste, enquadramento e a nitidez das imagens. O retrato é o tipo de fotografia que mais privilegia. “Gosto de fotografar modelos na rua ou em estúdio”, confessa o jovem, que não descarta também a oportunidade de registar momentos espectaculares oferecidos pela natureza. Um por-do-Sol atrás do Monte Cara, por exemplo. “Adoro também fotografar animais em movimento, como pássaros voando.”

Profissional da fotografia, Natykilla optou, no entanto, por trabalhar com modelos, casamentos, batismo e eventos culturais. Reconhece que são os serviços que lhe permitem facturar e sustentar as despesas. “Os meus clientes variam, pois sou contactado por diversas pessoas. Trabalho tanto com modelos experientes como com jovens que querem fazer um book e tentarem a sorte no mundo da moda”, revela Naty, que tem feito igualmente sessões publicitárias.
Segundo Natykilla, a paixão pela fotografia foi despertada quando ainda estudava a quinta classe em Santo Antão, sua ilha natal. Conta que ele e os colegas de turma eram sistematicamente solicitados pelos turistas que visitavam o vale do Paul para posarem para as suas câmaras. Desde então, criou um fascínio pelas máquinas fotográficas. “Passei a querer saber como funcionam, como era possível captar essas imagens impressionantes”, confessa.
Embora estudasse em Santo Antão, viajava constantemente para a ilha vizinha de São Vicente. E foi na cidade do Mindelo onde adquiriu a sua primeira máquina – uma Canon 1100D. Foi a oportunidade para explorar o equipamento, aplicar algumas dicas de fotógrafos mais experientes e das vídeo-aulas que encontrava na internet.

A sua estreia como fotógrafo amador aconteceu no Carnaval, quando decidiu registar os desfiles dos mandingas de Fernando Pó. Na altura, usou o computador de um amigo para editar as fotos num programa básico, que não se comparava com o Photoshop e Lightroom. Mesmo assim, diz, as pessoas gostaram do resultado.
Incentivado pelos elogios que recebia, Natykilla passou a investir ainda mais na área. Assim, vendeu a Canon e comprou uma Nikon D50 e passou a cobrar pelos cliques. “Cheguei a fazer 9 sessões num dia e vi que isso dava lucro“, revela. É assim que conseguiu realizar o sonho de adquirir uma câmara mais potente, a Canon 90D. Até hoje, quatro anos depois, trabalha com o equipamento.
Mais recentemente reforçou o seu naipe com outra Canon, que adquiriu em Portugal por 140 contos, com a ajuda de um grande amigo. Revela, entretanto, que não foi fácil pagar o custo de despacho alfandegário.

No mês de fevereiro, Natykilla passou a investir num estúdio fotográfico na sua própria residência. Este passo permitiu-lhe ganhar outras capacidades e melhorar a qualidade do seu produto. “Estou bastante motivado e quero evoluir ainda mais na fotografia”, assume o jovem, que costuma comparar as fotos que fazia há cinco anos para ver a sua evolução. E mostra-se grato pela trajetória. Hoje faz sessões no estúdio e na rua, dependendo do pedido do cliente.
Natykilla faz parte de uma geração de fotógrafos cabo-verdianos criativos, que revelam uma enorme paixão pela imagem em fotografia e vídeo. Reconhece que ele e os colegas colocaram essa arte num patamar mais elevado, graças a uma intensa dedicação e aposta nessa arte.

O seu grande sonho é abrir uma empresa e criar empregos. Sente que está a caminhar nesse sentido.