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Opinião

“Quem de direito” – quem é, onde se encontra?

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Por Dann Andrade

Quantas vezes não se ouve em entrevistas públicas, em conversas informais, em artigos de opinião, etc., afirmações como: “quem de direito deve resolver isso” ou “isso dever ser objeto de análise de quem de direito”, ou ainda “o culpado é quem de direito que, em vez de fazer assim, fez assado”.

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Não tendo coragem de apontar o visado, chamando os bois pelos nomes, atribuindo e assacando responsabilidades às pessoas ou instituições que detêm competência para responder a propósito de determinada ocorrência, negligência, ou outra “ência” qualquer, as pessoas socorrem-se, na maior parte das vezes, do termo “quem de direito”.

E nem vou dissecar sobre este termo. Porque todos o conhecem, miúdos e graúdos. Todos o utilizam, todos sabem que é atribuído a quem tem capacidade de decidir, julgar, inquirir, instruir, punir, de entre outros, em assuntos de caráter jurídico, policial, da administração pública, governamental ou autárquico.

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Mas ninguém vê esse famigerado porque quem o evoca talvez não queira identifica-lo por questões, quiçá éticas, de conveniência ou por simplesmente medo. Ou então por completo desconhecimento de quem se trata.

O certo é que se tornou um termo usual, corriqueiro, que, de tanto ouvi-lo, muitas vezes me deparei a exclamar “Ah, coitado do quem de direito!”

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Porém, enquanto se mantiver essa recusa em trazer ao decima os verdadeiros responsáveis, chamando-os pelos nomes, manteremos o status quo, os problemas não se resolvem em tempo útil e a situação que requer intervenção, permanecerá. E aqui continuamos nós à espera sine die que o “quem de direito” se dê ao trabalho de vir a público dizer: “estou aqui”.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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2 Comentários

  1. Excelente forma de apontar esta eterna falta de coragem e capacidade de assumir as críticas de “aqueles que sões”. O alvo não está, nem poderia estar, identificado, mas o tiro é certeiro.

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