Por: Nelson Faria
As vezes queixamos de muito, com razão, e reclamamos por nada, sem razão. Porém, se repararmos bem, apesar dos pesares, das condicionantes, da inépcia de alguns com poder para fazer diferente do que tem sido, do isolamento e até algum menosprezo, somos e mantemos alegres, somos e mantemos felizes, a nossa maneira, temos qualidade de vida, na generalidade.
São Vicente ainda oferece aos seus residentes e visitantes uma qualidade de vida extraordinariamente boa. Comparativamente as ilhas e cidades com mais residentes e visitantes, temos acesso a quase tudo mantendo condições de acesso e um custo de vida aceitável associado a uma oferta, em padrão razoável, de bens e serviços necessários a vida sã e a felicidade da alma.
Convenhamos, nem tudo é mau e nem tudo está péssimo. Temos o que reclamar e reivindicar? Sim, com certeza! Isto na esfera que, infelizmente, apenas interferimos em quatro ou cinco anos. Contudo, felizmente, o recente acordar da sociedade civil indicia que nem tudo continuará como tem vindo a estar… E até nisto poderemos inovar e melhorar. A ver vamos.
Mas, no que concerne aquilo que são as condições oferecidas na ilha, pela natureza e pelos seus habitantes, são fantásticas. Falo das praias, dos espaços de lazer e entretenimento, do acesso a saúde, educação, da cultura, de acesso ao desporto e atividade física, dos transportes e locomoção interna, da proximidade, de gente bonita, do calor e simpatia das pessoas, da capacidade criativa, do humor e sorriso constante, da disponibilidade para viver bem acima de todas as adversidades, da informalidade assertiva e produtiva. Falo, sobretudo, da alma da ilha, pura, sincera, humorada e capaz, que é resultado da história e de tudo que nos compõe, natural ou assimilado. Tudo isto possível de ser experimentado por todos os residentes e visitantes. Para quem está, nem é preciso “no rancá pa Soncent”, já no tá li. É só ver, viver e aproveitar. “Bem ma nós… no rancá pa Soncent”, para quem não está, obviamente.
Com isto não quero dizer que temos tudo e todos tem acesso a isto tudo. Com isto não quero dizer que atingimos o ponto alto da “felicidade”, e que tudo é ótimo, longe disso, o que digo é que temos aprendido a ser felizes com o que temos. Reparado bem, apesar da nossa forma critica de estar, porque queremos o melhor para todos, nós inclusive, o que não é habitual é sentirmos infelizes em São Vicente ou que a qualidade de vida que temos é das piores. Não, não é. Acredito até ser das melhores no país mesmo com todas as condicionantes. Por isso, não há como, com a alegria e espírito critico que nos caracteriza, temos de continuar almejar o melhor.
Aqui consegue-se trabalhar durante o dia e ter a sensação de estar de férias no mesmo dia. Temos a sensação de que vemos e temos a família e os amigos trezentos e sessenta e cinco dias a nossa frente. Que, facilmente, trabalhamos, estamos com a família e temos uma paródia com amigos, surgida do nada muitas vezes, o que nem permite absorver stress. É sim, No stress! Produzimos e vivemos ao mesmo tempo de forma alegre e suave.
O período de férias tem a agitação natural de emigrantes e visitantes, com vontade de chegar. Isto porque Mindelo não perdeu e nunca perderá o encanto natural que lhe caracteriza. Continuará a oferecer qualidade de vida para descarrego do peso do cansaço e para as dores da alma. Continuará a ter um o coração enorme que lhe caracteriza, apesar da sua dimensão. Continuará a ser um paraíso para todos que amam a ilha e sabem apreciar os seus encantos. Continuará a ter e proporcionar qualidade de vida.
Meu Caro Jornalista
Você acabou de despertar em mim o desejo de mais breve possivel de regressar ao meu país de origem, minha terra e meu châo que me viu nascer. O que acabei de ler foi impressionante para minha alma de emigrante de estar longe da terra , mas com grande vontade de regressar. Obra de um excelente profissional e de um Mindelense Nato. Um escritor de alma e coraçâo.
M.Ramos Holanda