Por Nelson Faria
“Os Homens reconhecem-se e respeitam-se, não se idolatram”, dizia o meu avô na sua forma de falar de como via a vida e o ser Humano. Um Homem simples de São Nicolau, com apenas quarta classe de outrora, mas com conhecimentos e saberes académicos, e da vida, que ultrapassavam largamente as habilitações académicas. Ensinamentos esses que sempre me nortearam. E assim ficou. Reconheço e respeito todos os Homens e Mulheres que por mérito e valor fizeram e fazem valer a sua essência e os seus feitos em prol da sua pessoa ou da coletividade. Fazem e fizeram por merecer os louvores de onde vieram. Uns reconhecidos e outros nem por isso. Mas, felizmente, ainda são a maioria os seres Humanos com valor que não necessitam do circulo mediático ou da propaganda para serem reconhecidos. E estão, em grande parte, fora deste círculo mediático, da propaganda, ou de outras luzes da ribalta para protagonismos e show-off onde constam muitos sem valor. Muitos estão na vida quotidiana de todos nós, quer no circulo de familiar, de amizades e de conhecimentos.
Dizia que não tenho por princípio idolatrar Homens, muito menos eleva-los a categoria de heróis, semideuses, Deuses até. Esta forma de ver e estar entre Homens nada tem a ver com a desvalorização dos seus méritos, tem por base o reconhecimento do ser humano por aquilo que é, com valor, mas com defeitos e pecados, como todos. “Nenhum ser Humano está cima ou abaixo de outro”, por razão nenhuma. Valorizo sim seres humanos extraordinários, pessoas com essência, com valor, pelos princípios, valores e obra realizada. Seres humanos capazes de fazer o bem, de deixarem um reconhecimento e um legado com base em pressupostos éticos, de conduta e de realizações a bem de todos. Seres humanos que se orientam para a coletividade, além do ego.
Sou sortudo! Uma das pessoas extraordinárias que conheci e tive o prazer de partilhar a vida, deixou-nos há poucos dias. Pessoa simples, inteligente, bondoso, com valor e valores que marcaram a sua vida. Com defeitos e pecados? Com certeza. Quem não os tem? Mas, a sua vida não se caracteriza por isso. Caracteriza-se pelo que aprendeu, transmitiu, fez e levou a fazer como filho, como pai, como irmão, marido, amigo, profissional e Homem social em várias frentes – associativo, desportivo, cultural e recreativo. Caracteriza-se pelas extraordinárias qualidades que exibiu e partilhou, pelos conhecimentos que sempre transmitiu, pelo bem que sempre praticou. Caracteriza-se por ter sido um poço de valores, princípios e realizações feitas.
Tenho a sorte de ter tido um pai, um amigo, um mentor e um grande companheiro que sempre tentou incutir os melhores princípios e valores e fez com que me tornasse um “Homem entre os Homens”, como diria a minha avó – que grande referencia! Pai, mesmo que não leias isto, sabemos os dois o orgulho mutuo que partilhávamos. Eu por ter um grande mentor e tu porque o aprendiz sabia ficar com a essência mesmo no que não concordávamos. Independentemente de tudo e de todos, sabíamos bem onde nos sintonizar, encontrar, até mesmo discordar, mas, acima de tudo, sabíamos nos respeitar e o que significávamos um para o outro. Que sorte a minha ser seu filho, Domingos Gonçalves da Conceição.
Nelson, um braça de consolança. R.I.P. a bô Pai. Linda e merecida homenagem.
Sentidas condolências para si, família, parentes, conhecidos e amigos do teu pai. Forçaaa rapaz. Palavras fortes realmente e como disse e bem o Zé Leite linda e merecida homenagem.
Deves continuá-lo pois da um excelente artigo.