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O silêncio que guarda a cidade: O peso invisível da tranquilidade

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Guerreiro Fontes

A segurança é o alicerce invisível sobre o qual se ergue a liberdade de uma sociedade, sendo o motor de desenvolvimento de qualquer estado de direito democrático. Em Cabo Verde, a Policia Nacional tem por funções defender a legalidade democrática, prevenir a criminalidade e garantir a segurança interna, tranquilidade publica e o exercício dos direitos dos cidadãos.

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A função policial exige disponibilidade continua, flexibilidade e prontidão para responder as situações complexas e imprevisíveis, um esforço silencioso que sustenta a tranquilidade de todos, muitas vezes sem que o equilíbrio entre a dedicação e a recompensa seja plenamente percebido.

A sociedade tem o direito de exigir a presença policial constante, eficácia e proximidade com o cidadão. No entanto, alcançar esse objetivo depende de um equilíbrio entre exigência e reconhecimento, entre dever e condições de trabalho adequadas.

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Nesta ótica, a sociedade exige segurança continua e a eficiência da Policia, mas o sistema de trabalho e recompensas não reflete plenamente essas expetativas.

Ignorar essa realidade compromete não apenas os profissionais, mas a própria qualidade e segurança pública, valorizar a Policia não é um privilegio, mas sim uma necessidade para garantir que a segurança interna do país seja eficiente, sustentável e digna.

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Todavia, esse reconhecimento formal muitas vezes não se traduz em condições concretas que acompanhem a exigência da profissão, sendo certo que, a rotina policial é marcada por carga horária excessiva, trabalho sucessivo em fins de semanas, feriados, que acresce ainda mais nas épocas festivas, apesar de são cumpridas sem qualquer pagamento adicional.

Reconhecer o esforço diário, compensar adequadamente o risco e a dedicação e oferecer condições que permitam equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, são passos essências para que o Estado e a sociedade mantenham não apenas a ordem, mas também a justiça com aqueles que asseguram.

A valorização da Policia e também a valorização da sociedade que ela protege, porque sem profissionais motivados e respeitados a tranquilidade de todos permanece em risco.

Debater esses conteúdos, não fragiliza a policia, mas sim fortalece a segurança publica, além disso, reconhecer o custo humano da missão Policial é um exercício de responsabilidade institucional, ignorar esta realidade apenas retarda soluções necessárias e coloca em risco tanto o bem-estar do profissional, quanto a qualidade de serviço prestado á população.

Garantir a segurança á sociedade é uma missão nobre, mas também garantir condições justas a quem assegura é um dever igualmente nobre do Estado e da comunidade.

Portanto, Cabo Verde precisa reconhecer que a tranquilidade social tem um custo humano real e invisível e que proteger os profissionais é parte essencial deproteger todos os cidadãos.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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