Por: Nelson Faria
A eletricidade é um bem de primeira necessidade na nossa era na medida em que está presente em tudo o que fazemos na nossa vida e dela dependem as nossas realizações produtivas e de consumo em todas as esferas da nossa vida. A eletricidade desempenha um papel vital na nossa sociedade, sendo essencial para o consumidor individual, o funcionamento de residências, empresas, hospitais, escolas e indústrias, além de que é igualmente fundamental para a utilização e impulso das tecnologias que nos servem de apoio para praticamente tudo o que fazemos.
No mundo que cada vez mais propala e necessita da produção de energia elétrica com base em fontes renováveis, nomeadamente o sol, o vento, o mar, infelizmente em Cabo Verde ainda temos excessiva dependência da produção a partir de combustíveis fósseis, cerca de 80%, apesar das boas intenções em aumentar a produção a partir de renováveis em 30% até 2025, superar aos 50% até 2030 e atingir 100% até 2040[1]. Todavia, a intenção numa situação hipotética e ideal, que, entretanto a concretizar-se, creio que além de reduzir os custos para todos, possibilitará uma rela proclamação de independência energética tal é o nosso potencial nas fontes que dispomos.
Na prática, na vida real, a situação atual do planeta com desafios impactantes que repercutem sobre o preço dos combustíveis fósseis, nomeadamente as guerras que incluem direta e indiretamente os principais produtores e distribuidores, tem levado a oscilação dos preços, com efeitos naturais nos preços dos bens e serviços que consumimos no país já que somos importadores. Da mesma forma impactante na nossa realidade é o contínuo desperdício ou perda de energia produzida, cerca de 25%[2], sendo que essas perdas, alguma dela derivada de roubos, é repassada para os consumidores cumpridores dos seus deveres.
Não deixa de ser preocupante para os consumidores que cerca de 80% da eletricidade produzida seja garantida através de centrais térmicas, a partir de fontes fósseis, e mais 25% dada como perdida, ficando por faturar, segundo informação da empresa. Por isso, não deixa de ser preocupante para os consumidores o continuar de faturas elevadas derivadas desses fenómenos pagando preços excessivos, ademais se considerarmos a realidade dos rendimentos médios e da maior parte dos consumidores.
Prova disso é o aumento anunciado pela ARME[3], com todos os seus impactos nos consumidores, que vigorará a partir de 1 de Janeiro de 2024 onde nos é indicado que “As tarifas de eletricidade sofrem um aumento do FACC no valor de 3,57 ECV/kWh faturado, em todos os escalões.” E que “Fundamentalmente, o FACC por kWh faturado foi calculado em função das variações dos preços de combustíveis, dos parâmetros de eficiência acordado para o ano 2024 e de outros ajustes derivados dos exercícios de atualizações anteriores.”
Evidentemente, pela necessidade básica, os consumidores não deixarão de utilizar energia elétrica, outrossim, com racionalização na forma de consumir. Desde as soluções de poupança mais estruturantes, quando possível, que passam pelo investir em eficiência energética, por meio da utilização de aparelhos e sistemas mais eficientes, bem como da implementação de práticas de conservação de energia não descurando possibilidade de utilização doméstica de sistemas de eletricidade que incluam fontes renováveis que terão impacto quer na otimização do consumo, quer na redução dos custos. Da mesma forma, é importante adotar práticas cotidianas que promovam a economia de energia, como desligar aparelhos em standby, utilizar lâmpadas de baixo consumo e realizar manutenção regular em equipamentos elétricos. Além disso, a conscientização sobre o uso responsável da eletricidade é essencial para promover uma cultura de sustentabilidade e eficiência energética.
Em suma, a eletricidade desempenha um papel crucial nas nossas vidas, sendo a racionalização do consumo fundamental para reduzir os custos associados à fatura mensal que pagamos. Ao adotar práticas de eficiência energética e investir em fontes de energia renovável, podemos promover um uso mais sustentável da eletricidade e contribuir para a redução dos custos a longo prazo.
[1] Cabo Verde quer produzir 100% da eletricidade com energias renováveis até 2040 | ONU News
[2] https://inforpress.cv/um-quarto-da-electricidade-produzida-em-cabo-verde-em-tres-meses-dada-como-perdida/
[3] ARME – ARME atualiza tarifas de eletricidade da ELECTRA S.A e AEB – janeiro de 2024
