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Nas mãos de populistas

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Por: António Santos

Nas redes sociais já se lamenta “o triste destino para o concelho da Praia”. A escolha para os eleitores é difícil. A maioria vai votar “no mal menor” porque não se sente representada por nenhum dos candidatos

Para um político ser considerado populista tem de reunir uma série de características expressas nos conteúdos das suas propostas, mas também na forma como são apresentadas. Nesta caracterização, “a ideologia não é marcante, pode ser de esquerda ou de direita”, porque “o populismo é vazio e é preenchido no momento, de acordo com as necessidades, podendo mudar, a qualquer momento. Em Cabo Verde, infelizmente, já são vários os políticos que podem enviar “a carapuça”.

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Os políticos populistas utilizam, para além de uma excessiva simplificação do discurso, uma grande agressividade na polarização da sociedade e o aperfeiçoamento de mecanismos de comunicação. Mas, apesar de tudo, não vejo essas três características nos políticos cabo-verdianos, não aos níveis trumpianos ou bolsonarianos. Contudo, consigo ver em Cabo Verde o surgimento “de jovens turcos” que não olham a meios para atingir os fins. Aliás, essa minha perceção “toma mais forma” com o aproximar da campanha eleitoral para as autarquias.

A Praia, a maior cidade de Cabo Verde, que dispõe de uma importante indústria pesqueira, de um movimentado porto comercial e de um aeroporto internacional, recentemente construído, é um dos municípios mais apetecíveis e, por isso, “vale tudo” para se conquistar o poder na capital.

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Em disputa estão dois populistas e anti-sistema, ambos ansiosos de poder. A vitória de qualquer um poderá ter consequências para os respetivos partidos e para o país. Depois da Câmara da Praia, qualquer um dos candidatos tem ambição de conquistar o poder dentro dos seus respetivos partidos e alcandorarem-se a voos mais elevados.

Nas redes sociais já se lamenta “o triste destino para o concelho da Praia”. A escolha para os eleitores é difícil. A maioria vai votar “no mal menor”, porque não se sente representada por nenhum dos candidatos, tendo de escolher entre dois excelentes demagogos: Francisco Carvalho, pelo PAICV, e Abrão Vicente, pelo MdP.

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Na “boca” das redes sociais, que são de certa forma vox populis, Francisco Carvalho já provou que não está à altura dos desafios do município da Praia. É populista e demagogo e não tem visão para o desenvolvimento do concelho. Enquanto Abrão Vicente é um político espalhafatoso, surrealista e, se for eleito, será um outro Francisco Carvalho num outro formato.

Por causa deste tipo de más escolhas dos candidatos partidários é que os eleitores estão descrentes em relação à maioria dos dirigentes e militantes de todos os partidos, por considerarem que são um grupo de interesseiros que só tem como objetivo defender os seus próprios objetivos. E nós, o povo, vamos assistindo a este espetáculo degradante.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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