Por: Zeza Correia
Permitam-me discordar humildemente sobre a inteligência e a força que muitos acreditam estar inexistentes em uma mulher. Esse discurso não tem nenhuma verossímilhança, nenhuma coerência e é um comportamento ofensivo para com as mulheres. Vê-se com isso que o machismo ainda continua muito presente na nossa sociedade.
Relativamente ao machismo, este é um fenómeno que trata da masculinidade exagerada ou da superioridade do homem relativamente a mulher. Porém, o que tem acontecido é que as próprias mulheres utilizam também o machismo entre elas, duvidando da sua capacidade ao afirmarem que o lugar da mulher é em casa cuidando dos filhos e do marido. Isto é um facto e tem favorecido muito a questão da superioridade do homem.
Todos são iguais perante a declaração universal dos direitos humanos. Se o homem consegue fazer o que quiser, com a mulher não pode ser diferente. Ela pode, sim, ser o que ela quizer e estar onde ela quizer.
Temos um mundo cheio de mulheres que não conseguem respirar livremente porque estão condicionados demais a assumir formas que agradem aos outros. Eu, pessoalmente, não faço a mínima questão de deixar de fazer o que gosto, o que quero, com medo do que a sociedade vai pensar. Isso seria fortalecer ainda mais o machismo. O mundo seria bem diferente, mais justo e mais feliz se não tivesse o peso das expetativas de gênero.
Há também visões políticas e ideológicas. Tanto o homem como a mulher estão aptos a encarar derrotas. A derrota não está ligada ao fracasso pessoal ou ao condicionalismo de ser macho ou fêmea. Em muitos casos está ligada apenas e apenas às ideologias. É imprescindível mulherada irmos à luta e garantirmos os nossos espaços, sentirmos orgulho em cada amanhecer. A nossa luta deve ser sempre reconhecida, mas, caso não for, lembremo-nos sempre em ter esse reconhecimento pessoal.
Mulheres podem ser emotivas, mas isso não justifica dizer que são fracas; mulheres podem casar, ter filhos mas isso não quer dizer que não têm tempo de ocuparem os cargos que quiserem. Não deixem que ninguém diga: “tu não consegues pk és mulher!” Vá em frente, ocupe o teu lugar. E quem te disser “saia, aqui não é pra mulher!” Responda: “Senta-te, aqui é lugar para todos os seres humanos.”