Por Carlitos Fortes
Estando fora de Cabo Verde, após uma longa jornada, entre o que vem sendo dito nas redes sociais, na decorrência da recente manifestação dos Sokols-2017, e da conversa do Sr. Primeiro Ministro com os jovens mindelenses, tudo isso entremeado pelo som insistentemente nosso – Batuka da Madonna (grande Dino de Santiago) – surge em mim um desejo incessante de escrever (há quem diga que a condição essencial para escrever é nada ter para fazer):
A sociedade define-se, de forma muito simplista, como um conjunto de pessoas que interagem entre si. Logo, uma sociedade de sucesso é o resultado de um conjunto de pessoas bem-sucedidas. As pessoas que “optam” pelo sucesso, necessariamente estruturam o seu pensamento e tomam ação consequente, tendo por base a seguinte premissa: 10% do seu tempo focam no passado, 30% no futuro e 60% no presente, a resolver os problemas do dia-a-dia.
As organizações, empresariais ou não, o Estado e a sociedade em geral, querendo alcançar o sucesso – um desenvolvimento equilibrado e duradouro, logo sustentável – também devem ter por base a mesma premissa: 10% do tempo em questões do passado (importa sempre termos presente o retrovisor), 30% a planear o desenvolvimento, mas 60% a encontrar soluções para os problemas quotidianos relacionados com a saúde, educação, segurança, mobilidade, produção, etc., resumidamente, construindo o bem-estar social de forma competitiva. Importa frisar que ser competitivo é ver o seu bem-estar social a crescer a um ritmo superior ao bem-estar social do vizinho, entendido como concorrente direto de recursos e mercados, conceito aplicável a organizações, ilhas, países, regiões e continentes.
São Vicente é uma ilha que tem vindo a perder competitividade em relação aos concorrentes diretos: no passado, com Las Palmas, na rota do carvão; no presente, um presente que perdure por quatro décadas, com Sal, Boa Vista e Santiago, na atração de recursos públicos e privados que possam proporcionar bem-estar competitivo às suas gentes. O encravamento recente, ditado particularmente pelos transportes aéreos, com a retirada das linhas diretas dos TACV (Cabo Verde Airlines), veio complicar ainda mais a equação de São Vicente, entendida por muitos como a gota de água que fez transbordar o copo.
São Vicente de hoje não tem um pensamento alinhado com o sucesso: 50% do seu tempo vive na nostalgia de um passado grandioso e, os outros 50%, ansiosa por um futuro que vem retratado em várias promessas, sendo a última a construção de uma Zona Económica Especial para o horizonte 2035, apresentada no Sal, no CV Invest Fórum de 2019.
No passado dia 5 de julho, 12 mil pessoas, de um total de 80 mil, saíram à rua para manifestar o seu descontentamento com o presente. Muitos quiseram expor a sua ansiedade em relação a um futuro que tarde a chegar, seguramente, jovens manifestantes, na sua maioria gente desempregada. Outros, talvez os menos jovens, vieram para manifestar a sua depressão, impelidos/agarrados àquele São Vicente que ditava o compasso no concerto das ilhas.
Podemos não querer comentar a manifestação, podemos inclusive negar a sua expressão e significado. Podemos estar deprimidos ou ansiosos. A verdade é que São Vicente vive uma bipolaridade sem precedentes, naquilo que é a história recente do país.
Quando oiço Madona, dando voz a Cabo Verde, batukando o mundo inteiro, como nunca antes aconteceu, numa voz tão global como a dela, afirmando a nossa singularidade, a nossa cabo-verdianidade, com versos simples, mas prenhe de significado, válidos no passado assim como hoje, aplicáveis em Santiago, assim como em S. Vicente e em todo Cabo Verde:
| É um longo caminho É um longo caminho É um dia longo É um dia longo Senhor tenha piedade As coisas têm de mudar Há uma tempestade à frente Eu ouço o vento soprando Deixe-me recuperar o fôlego Vamos vencer esta corrida? Jure que a estrada é longa E a estrada ouve Porque é um longo caminho É um longo caminho Porque é um dia longo É um dia longo Eu fiquei acordado a noite toda Eu disse uma pequena oração Pegue aquele velho Coloque-o em uma prisão Onde ele não pode nos parar Onde ele não pode nos machucar Nós vamos ficar de pé Debaixo desta árvore Porque é um longo caminho É um longo caminho Porque é um dia longo É um dia longo Mas quando podemos parar tudo No caminho certo Vamos ficar juntos? É um novo dia Então não julgue um humano Até que você esteja no lugar deles Se você tem um sonho Então você não pode nos impedir Cante “Aleluia” Diga “amém” Cante “Aleluia” E diga: “Amém” Eu digo “Oh sim” Eu disse: “Ah sim” Eu digo: “Amém” Eu canto “Aleluia” Porque é um longo caminho É um longo caminho Porque é um dia longo É um dia longo |
Acredito também que os são-vicentinos têm um longo caminho. Se não estiver no lugar deles, não julgue. Apresente soluções para resolver os problemas de hoje, na certeza de que um São Vicente próspero beneficiará todo Cabo Verde.
Luxemburgo, 20 de julho de 2019
Está tudo dito.Um texto inteligente, claro e objetivo. Cabo Verde precisa de mais massa crítica.Muito bom.
Cabo-Verde está a atravessar um período sem precedentes e a situação é bem mais grave do a maioria pensa.
O MPD deu ao povo a abertura política desejada por muitos, mas, continuou fielmente a seguir a agenda estabelecida pelo PAICV e pessoas que não tenho a certeza quem são.
Devemos aceitar o facto de que os personagens do MPD ou PAICV têm todos a mesma mentalidade e que não estão sequer interessados no progresso da ilha de Santiago como muitos pensam. Estão sim interessados no controlo total e, esta é a razão porque o poder está centralizado na cidade da Praia. Debaixo do olho dos poderosos.
É um pensamento estratégico que leva tanto o MPD como o PAICV a terem pessoas fiéis e obedientes em todos os postos chave espalhados por Cabo-Verde e é a única forma daquele clube de elite monopolizar as melhores oportunidades de negócio e investimentos do estrangeiro e do estado.
O que acontece com muita frequência na cidade da Praia é que fulano é deputado, mas tem empresa própria de consultoria e ainda por cima é PCA da empresa A, B ou C. Entretanto o agricultor no interior de Santiago a sofrer com este longo período de seca pouco ou nenhum apoio recebe. Mas se houvesse dinheiro a ser ganho em Agropecuária, teríamos com certeza muitos na capital prontos a prestar consultoria.
Neste momento temos Olavo Correia, Ulisses, Janira e outros à frente país, mas, devemos abrir os olhos e pôr um fim a esse processo criminoso que começou logo após a independência. O processo de centralizar todos os recursos e infraestruturas do país debaixo do olho do governo.
O que estamos a ver neste momento é o verdadeiro motivo porque o Dr. Renato Cardoso foi assassinado. Ele simplesmente nunca iria compactuar com a forma como o nosso país está a ser governado.
O assassinato do Dr. Renato Cardoso foi um passo estratégico dado por pessoas que tinham interesse em beneficiar tanto o PAICV como o MPD para que Cabo-Verde tomasse o rumo que tomou e para que meia dúzia de Cabo-Verdianos assumissem o controlo total sobre o destino de Cabo-Verde.
Não se façam de esquecidos porque esse crime aconteceu e foi o ataque cirúrgico necessário para que o MPD e o PAICV tivessem o caminho livre para fazerem do país o que bem entenderem.
Necessitamos urgentemente que Cabo-Verdianos capazes se unam e formem uma oposição política capaz de destronar esses dois partidos que nunca irão fazer o melhor para Cabo-Verde.
Apelo aos gestores, empreendedores, académicos e intelectuais capazes, que deixem de lado o elitismo ridículo e que se unam com o povo, que trabalhem para o povo, para formarem uma oposição poderosa e imbatível.
Essas discussões bairristas que andam a circular nas redes sociais não passam de distrações atiçadas consciente e inconscientemente por certas pessoas para não concentrarmo-nos no verdadeiro problema que é o poder total nas mãos do MPD e PAICV.
Enquanto não surgir um partido capaz de fazer frente à situação atual e ter cada ilha representada e com os seus interesses defendidos como merece, proponho abstermo-nos nas próximas eleições. Vamos demonstrar que nem o PAICV nem o MPD merecem o nosso voto.
Necessitamos é exatamente de um presidente da câmara com o perfil e capacidades de gestão comprovadas como Dr. Carlitos Fortes.
Proponho que o Dr. Carlitos se candidate às próximas eleições autárquicas em São-Vicente.
É a minha solução que eu apresento e creio ser muitíssimo boa.
Aleluia!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Uma nova claridade refulge estoante, entre euforias e depressões de um presente parado no tempo.
Sem lamentos de dolorosas depressões marasmáticas sofridas e por sofrer, muito mais importam as euforias, da boa disposição e da alegria, do amor incondicional pela vida e da prontidão para celebrar a todo o momento, que são o apanágio da capacidade espiritual positiva imorredoura da alma caboverdiana dos Sao-vicentinos. Todo o caminho se faz andando.
Sucessos em mais escritos.
Nossa gostei. Sao Vicente e cabo verde en primeiro lugar
Um execelente artigo.
Faltou apenas fazer uma analogia sobre tudo que se viveu nos últimos anos que levou São Vicente, Fragata em São Nicolau, Figueiral em Paul de Santo Antão, Xaxa e Gongon em São Miguel de Santiago, e em todas as outras ilhas a esse mesmo lugar que São Vicente está.
Ou seja em todo Cabo Verde existem ilhas e lugares que precisam ser desenvolvidas.
O Foco não deve ser apenas S.Vicente porque os São vincentinos acham se espeaciais e melhores que todos os Cabo Verdianos.
Daqui a nada vão conseguir com isso é mais uma revolta social entre a própria população das ilhas e que nenhum governo vai conseguir resolver porque será a vontade de cada um.
Para termos uma sociedade de sucesso, o governo nem precisa estar lá. Santiago é hoje o que é não apenas pela visão e investimentos dos governantes. Mas sim pela sua gente que sempre trabalhau de sol a sol, com chuva e sem ela, enquanto os de São Vicente optaram desde os primórdios para fazer musica, literatura e apostar na cultura.
Porque não transformar isso em rendimento como estão a fazer com carnaval?
Em Santiago o investimento na terra que garantiu a sustentabilidade de muitas famílias, nunca teve apoio dos governos sucessivos mas as pessoas continuaram a trabalhar e investir. Preferem trabalhar do que estar na rua a reivindicar muita coisa.
O governo tem de ser aberto ás críticas. E esse governo até parece que é porque desde que entrou, em 3 anos, já houve muitas manifestações. Coisa que num passado bem recente não se fazia. Porque será?
Medo? Ameaças? Falta de liberdade? Porque será que durante 15 anos SV não manifestou? Será que estava tudo bem?
Então se estava continua a estar.
Devemos ver Cabo Verde como um todo e não da forma como está sendo incentivada por alguns porque as condições existentes não permite a autonomia e independência de nenhuma ilha. Nem mesmo Santiago.
Ver Cabo Verde isoladamente nunca se vai garantir uma coesão territorial desejada. E isso so se faz com planeamento que é e será sempre um processo onde os resultados só serão conhecidos quando as peças começarem a encaixar se.
Tiveste azar com a tua participação.
Se dedicares primeiro à construção e formação pessoal da tua pessoa, algum dia haverás de dar um bufo que cheire.
É muito estranho mas é verdade.
A Carla Sousa resolveu escrever e lançou um FEDOR no ar que ninguém está a conseguir aguentar.
Não a digo para ir estudar porque já deve ser tarde de mais.
Por isso sugiro-te que leias (ou releias) com um pouquinho de atenção, o que escreveu o “Cidadão de Cabo-verde”.
Certamente poderias abrir um pouco mais os olhos e ganhar um pouco mais de sabedoria.
A Carla Sousa resolveu descer o nível.
Sempre que se está a discutir alguma coisa e alguém simplesmente quer dizer o que lhe apetece dizer, usa a estratégia de criar a confusão.
E a forma mais habitual de criar a confusão é descendo o nível.
Então Carla!!!
E se eu te dissesse Carla Sousa que vocês em Santiago trabalham mais, é em semear padjina nos campos, é traficando drogas e pessoas, é fazendo lavagem de capitais já te responderia no nível que estás à procura????
Sra. Carla Sousa, investigue melhor antes de escreveres. Houve sim em São Vicente muitas manifestações em SV, não do tamanho destes últimos nem o medianismo de agora. Para lembrar que SV esta em seca a mais de 6 anos, chove pouco e por isso não é uma ilha considerada agricula.
T fca dificil ka reagi a ess artigo. Simples, puro, directo, sem alinhamento politico, ma que t retrata um SVicente contemporaneo.
Dificil pa um jovem desempregado strutura se vida na molde 10/30/60 kond el t investi grand parte d se temp t prepapra pa um futuro k por enquanto ka ti ta oferecel opcoes.
sim, caminho longo devera longo, mas paciencia ti ta falta pa acalenta e encara tud ess inseguranca ne futuro, principalmente hora k no t oia decisoes t encrava ilha e so depois de prejuizo economico e grit d pov governo t promete corregi… e se moda pega?
Longe de mi critica es artigo, muito menos Saovicente e ses gent pq un ka ta vive la… visita d um vez pa one k ta dame direito d cretica coisa nenhuma, mas como un ta passa nhe presente t prepara pa manha, e Sao Vicente tem peso na nhe “manha” ka podia fca sem reagi… bem haja gent moda Carlitos, capaz e kun t acredit k el escreve ess artigo nao pq el ka tinha “nada k faze” moda el dze, mas sim pq el t sinti e vive sentiment dess povo.
A música por si só já revela o conteúdo do texto que é artificial, pouco ou nada criativo e que só consegue agradar quem não sabe, ou então que se não importa com a verdadeira origem dos problemas. O maior problema de CV são os sucessivos dirigentes de empresas Estatais e Governantes, a exemplo do Sr., que nunca geraram, rigorosamente, NENHUMA riqueza para o País mas que no entanto, são os que mais contribuem para a folha de despesa dos contrinuintes. Não existe na meritocracia, tudo é extremamente partidarizado e em que há e nem nunca houve responsabilização juridica para certos cargos politicos, que muitos se aproveitaram para cometer um número infindavéis de crimes, só pode gerar revoltas devido as assimetrias gritantes dentro de um mesmo território.