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Opinião

Linda Bimbi, uma personalidade, uma história

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Por Albino Sequeira

Este artigo, que ora apresento, traz um assunto de um quadro diferente daquilo que habitualmente escrevo. Nele dou a conhecer um milímetro daquilo que a Linda Bimbi fez durante o seu percurso na terra em prol da humanidade. Uma figura reconhecida pelo seu excelente trabalho. Um trabalho ao serviço do povo, que hoje motiva milhares de jovens.

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Diversas personalidades deixaram como legado histórias que têm inspirado gerações por sua coragem, criatividade e determinação, decerto que a italo-brasileira é uma delas. Das artes à política, passando pelos livros, cinema, religião e sociedade, essas pessoas foram responsáveis por grandes contribuições em causas com a igualdade de direitos civis e respeito à diversidade.

Por esta razão que apreciavelmente apresento esta grande figura feminina, Bimbi, que já conheceu personalidades importantes de Cabo Verde, como é o caso do ex-Primeiro-ministro e do ex-Presidente da República. A sua biblioteca em Roma doou mais de 1000 mil livros à biblioteca da Presidência da República de Cabo Verde, em 2018. Linda Bimbi fez história e marcou a época em Itália e Brasil na luta pelos direitos humanos e superação em busca de uma sociedade mais igualitária.

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Linda Bimbi nasceu em Lucca, Itália, na altura da ditadura fascista. O pai dela era comerciante e a mãe era professora primária, por isso, pertencia a uma família privilegiada de uma das regiões mais afortunadas de Itália, a Toscana. Estudou na universidade de Pisa, foi uma religiosa que se interessou profundamente pelo Brasil, como educadora, inovadora da educação e ativista dos direitos humanos.

Linda Bimbi, ex-freira, personagem de destaque da história italiana e do Brasil, dedicou a vida à humanidade, na luta pela defesa dos direitos humanos, da democracia, da liberdade e igualdade social. Quebrou paradigmas por ser uma freira, pela sua disponibilidade e força de enfrentar a ditadura fascista entre os anos 1964 e 1985, para abolir a escravidão tanto na Itália bem como na América do Sul, especialmente no Brasil. Por esta causa conseguiu influenciar e mobilizar grandes líderes mundiais. Antes disso, ela já tinha mostrado a sua competência e coragem quando fez parte de um grupo de intelectuais de esquerda de primeiro plano. Depois tornou-se freira, deixou a Itália e partiu para o Brasil, no momento de uma dramática e feroz ditadura. Já nas terras de Vera-Cruz encontrou, mesmo no convento, um ambiente político direto, tendo arriscado a própria vida.

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No Brasil, a sua organização é um caso de sucesso e o segredo disso estava na educação. Como educadora utilizava aquele instrumento para instruir os jovens da situação política e da ditadura militar e, por outro lado, fazia-os ver que o povo precisava libertar-se da opressão. Ela colocou em risco e em perigo a sua própria vida por lutar pela igualdade social nas terras da Amazónia, que passava primeiro por uma liberalização. A ex-freira foi perseguida pela política da ditadura militar Brasileira e teve de fugir, numa altura em que a sua organização entrou numa relação crítica com os poderes da igreja.

A guerreira italiana nunca aceitou de primeira a pobreza e as desigualdades sociais que existiam no Brasil, acabou por amadurecer as questões que a situação em que vivia os colocava e, sendo uma lutadora como era, partiu para a ação. Ainda naquele país, o confronto com uma realidade caracterizada pelas diferenças e desigualdades sociais experimentou uma escolha pedagógica, que a permitiu criar a escola de Cássia, um grande património para a comunidade Brasileira na altura. A referida escola tornou-se uma escola de referência, inovadora na região. Para lá se transferiram muitas raparigas, filhas de fazendeiros, que estudavam nas escolas das cidades próximas. Foi um sucesso a escola da Cássia.

Linda Bimbi também tinha ligação com políticos, neste propósito, aconselhava o ex-Presidente do Brasil, Lula da Silva, nas suas políticas e ações, sempre nas viagens que fazia para Itália e que se encontravam, considerada por isso uma espécie de embaixatriz do Brasil progressista.

Na Itália, Bimbi conheceu um dos nomes mais sonantes da história italiana na época, Lélio Basso. Durante a apresentação do livro de Frei Betta em Milão em 1992, conheceu Basso, que um dia a convidou para trabalhar com ele na sua fundação, o que acabou por aceitar. Ela foi o braço direito de Lélio Basso, político italiano de esquerda de então, fundador do Movimento da Unidade Proletária, que depois tornou-se o partido socialista italiano.

Linda Bimbi dedicou-se de modo particular intenso à secretaria-geral da fundação Lélio Basso pelo Direito e pela libertação dos povos, em Roma, cujo escritório virou-se uma Meca dos aflitos do mundo em busca de mediações e conexões de uma visão libertadora que ela tinha personificada por quase meio século. A lutadora, ex-freira italiana, era uma estrela que brilhava entre os humanos, mas, que não gostava da fama e de ser protagonizada, tanto que durante a ditadura militar na Europa, optou por viver no anonimato, como alguém comum, sem conectá-la com a grande história. Conheceu e encontrou durante a sua passagem pela terra, muitas figuras públicas, pessoas de prémios Nobel, personagens políticas, sacerdotes e de revolucionários.

Nos anos 70 colaborou da organização do tribunal Russell II, para os crimes contra a humanidade, cometidas pelos governos militares na América Latina. Serviu à Fundação Internacional pelo Direito e liberdade dos povos e ao tribunal permanente dos povos.

Em 1973, Linda Bimbi trabalhava no idoc e publicava artigos sobre temas que interessavam à América Latina, ainda pouco conhecida na Itália na época; escrevia sobre lutas de libertação e o papel das igrejas; oferecia aprofundamentos sobre a situação chilena e os fatos sobre a Unidad Popular de Allende e mostrava ao mundo europeu, personagens extraordinárias de religiosas latino-americanos, como Hector Gallego.

Antes de falecer, empenhou-se em concretizar muitos planos novos no terreno da formação, destaque para a escola de jornalismo, que é um caso de sucesso, formando jornalistas cultos, preparados e politizados.
Uma escola que se realiza em Nápoles anualmente, uma verdadeira transmissão de saberes dos velhos aos jovens que dirigem hoje a fundação.

Heranças da Linda Bimbi
1 — A escola de jornalismo — criou esta escola em 2004. O objetivo do grupo, com a fundação Lélio Basso, é o de fornecer aos estudantes os instrumentos culturais para aprofundar as novas problemáticas, emergente do século XXI, como também a consciência das modernas tecnologias digitais necessárias ao desempenho de profissão de jornalista.
A escola se baseia no tema dos direitos, particularmente sobre questões de relação entre Democracia e direitos e defende a dignidade da pessoa e das camadas débeis da população, da ilicitude da guerra das dinâmicas de libertação e, enfim, do multiculturalismo.
É uma escola que une trabalho pedagógico ao da pesquisa sobre a mídia.

2 — Doação de Livros da Biblioteca Linda Bimbi em Itália à Presidência da República de Cabo Verde.
A educadora e pedagoga italiana, Bimbi, procurou sempre dar voz aos povos africanos, por esse motivo que teve a doce ideia de doar uma parte da sua biblioteca à República de Cabo Verde.
Foram doados 1250 volumes de grande interesse cultural em português, francês, italiano, espanhol e inglês de temas como: sociopolítico, sociologia, antropologia, economia, justiça, África em geral, jornalismo, religião, biografias, romances, histórias e vários outros títulos. A doação teve início oficial no dia 10 de abril de 2018, com assinaturas do acordo entre ex-embaixador de Cabo Verde, Amante da Rosa e Franco Ippolito, Presidente da fundação Lélio Basso e Lisli Basso.
Esta doação é importante para o país pelos títulos oferecidos, mais uma alternativa na pesquisa e investigação dos estudantes universitários e pesquisadores.

3 — A biblioteca do instituto federal de educação de São Paulo, “campus” Avaré no Brasil batizado com nome de Linda Bimbi.
O instituto federal de educação de São Paulo, Brasil, inaugurou a 20 de setembro deste ano, uma biblioteca que recebeu o nome da educadora italiana, prestando uma homenagem àquela que dispensou um enorme contributo à educação Brasileira, Linda Bimbi.
O espaço inaugurado tem a capacidade para receber 36 mil títulos, garante conforto e melhores condições de aprendizagem aos alunos.
A deputada Luiza Erundina, quem sugeriu o nome para dar à biblioteca, assegurou que, o referido espaço agrega valor à formação de futuros profissionais, de cidadãos e cidadãs. A homenagem foi justa, porque a pedagoga e educadora em causa, dedicou a sua vida em nome da defesa dos direitos e da democracia, além da formação educacional de pessoas no Brasil e Itália.

Recentemente, o ministro da educação do Brasil, Abraham Weintranb, pediu ao instituto federal de educação de São Paulo, “campus” Avaré para mudar o nome da recém-inaugurada biblioteca, chamada de Linda Bimbi, pelo Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado pela justiça brasileira pela prática de tortura durante a ditadura militar, sob pena de cortar os recursos destinados ao “campus” Avaré do mesmo instituto.
Atitude condenável, esta do Ministro da educação das terras de Vera Cruz.
Linda Bimbi respirou a democracia ao povo e construiu um caminho da educação e formação aos jovens do mundo.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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Um Comentário

  1. P q a Solidariedade se dissipa nas Democracia e aparece a apatia social ,mm sendo a historia fértil .A quem ou a que se teme na “democracia”

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